Resumo da entrevista
André Siqueira é autor da biografia intitulada João Saldanha: Uma vida em jogo. Com base nas informações levantadas para construção desta obra, o entrevistado abordou a trajetória do ex-técnico de futebol João Saldanha, com ênfase em sua passagem à frente da seleção brasileira. André resgatou aspectos da carreira profissional de João Saldanha e sobre sua militância política ligada ao Partido Comunista Brasileiro (PCB). No ano de 1969, João Saldanha estava cercado por militares que ocupavam diversos cargos da delegação, associando o esporte à política vigente. Nesse sentido, a presença de Saldanha representava uma ameaça, pois além de um crítico tenaz, era comunista declarado e aproveitava as oportunidades que tinha para denunciar publicamente as práticas de tortura, sequestro e violações cometidas pela ditadura civil-militar no Brasil. Em função disso, Saldanha começou a sofrer tentativas de desestabilização alicerçadas pela grande imprensa que, amparada pela ditadura, colaborou nesta investida por sua derrubada. Segundo relato de André, o que motivou a entrada de Saldanha para a seleção após o convite feito por João Havelange foi, sobretudo por interesse profissional, embora tenha se valido da visibilidade como técnico para prestar denuncias contra a ditadura. Ao ser afastado da seleção pouco tempo antes da abertura dos jogos mundiais, João Saldanha seguiu sua carreira como comentarista esportivo e continuou torcendo pelo Brasil e acompanhando todos os jogos. E, embora a seleção campeã tenha sido dirigida pelo técnico Mário Zagallo, segundo André, o time de 70 tinha a alma de João Saldanha.
