Entrevista com Paulo Roberto Beskow
Título
Entrevista com Paulo Roberto Beskow
Código da entrevista
C162
Entrevistados
Data da entrevista
03/11/2022
Resumo da entrevista
Paulo Roberto Beskow discorre sobre a sua participação no movimento estudantil entre 1965 e 1969, iniciada na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e sua transferência para a Faculdade de Administração e Economia (FEA-USP) após conseguir trabalho em São Paulo. Explica como estava organizado o movimento estudantil até 1964 e a formação da resistência após o Golpe. Paulo relembra a vivência no movimento estudantil na USP, as disputas políticas e o ambiente fraterno, sua eleição para o Centro Acadêmico Visconde de Cairu. Reflete o quanto o Congresso de Ibiúna foi um marco para o movimento estudantil e pra si, pois, como não acabou preso, assumiu a tarefa de realizar a eleição da UNE por meio de congressos clandestinos. Reflete que a queda de Ibiúna e o AI-5 mudaram o clima no movimento estudantil, acabando com as passeatas e assembleias e levando muitos militantes à clandestinidade. Relembra os protestos contra o Decreto 477/69 e contra a visita de Rockefeller ao Brasil e as pautas do movimento estudantil. Paulo relata também sobre sua prisão, a permanência por um mês na cela 2 do Deops, e se emociona muito ao falar de Antonio Expedito Perera, companheiro de cela bastante torturado. Cita o Major Francisco Melo, estudante da USP que tinha relação com os órgãos de inteligência, e estava no Deops no dia da sua prisão. Paulo foi condenado por sua participação no centro acadêmico, mesmo eleito legalmente. Fala da experiência no Presídio Tiradentes, o contato com as lideranças estudantis de 67 e 68, avalia que a convivência com os velhos militantes comunistas abriu seus olhos para um mundo fora do movimento estudantil. Relembra o dia que aplicaram Pentotal (o soro da verdade) no militante Luiz Raul Machado no Presídio Tiradentes. Fala da prisão de sua primeira esposa, Ana Luiza d’Ávila Viana Beskow, pelo DOI-Codi/RJ, onde foi torturada pra que fornecesse informações sobre Paulo. Por fim, o entrevistado aborda o debate sobre a Lei da Anistia no final da década de 70 e a importância da Comissão Nacional da Verdade, apesar de não termos avançado para o Direito à Justiça.
Entrevistadores
Julia Gumieri | Vanessa Miyashiro
Duração (minutos)
138
Operador de câmera
Jamerson Lima
Local da entrevista
Memorial da Resistência de São Paulo, São Paulo/SP
Como citar
BESKOW, Paulo Roberto. Entrevista sobre militância, resistência e repressão durante a ditadura civil-militar. Memorial da Resistência de São Paulo, entrevista concedida a Julia Gumieri e Vanessa Miyashiro em 03/11/2022.
Assuntos: Organizações
Organizações estudantis universitárias | União Nacional dos Estudantes
Assuntos Temáticos
ATOS DE RESISTÊNCIA | DEPARTAMENTO DE ORDEM PÚBLICA E SOCIAL DE SÃO PAULO - DEOPS-SP > ESPAÇO PRISIONAL > CELAS | DEPARTAMENTO DE ORDEM PÚBLICA E SOCIAL DE SÃO PAULO - DEOPS-SP | DITADURA CIVIL - MILITAR NO BRASIL | DEPARTAMENTO DE ORDEM PÚBLICA E SOCIAL DE SÃO PAULO - DEOPS-SP > ESPAÇO PRISIONAL | PERSEGUIDOS POLÍTICOS > EXILADOS | HISTÓRIA DO BRASIL | JUSTIÇA DE TRANSIÇÃO | DEPARTAMENTO DE ORDEM PÚBLICA E SOCIAL DE SÃO PAULO - DEOPS-SP > LOCAL DE TORTURA | ORGANIZAÇÕES E PARTIDOS POLÍTICOS | ÓRGÃOS DE REPRESSÃO POLÍTICA | PERSEGUIDOS POLÍTICOS | UNIDADES DE DETENÇÃO E TORTURA > PRESÍDIO TIRADENTES | TIPOS DE UNIDADES PRISIONAIS > PRESÍDIOS | PRESOS POLÍTICOS SOBREVIVENTES | DEPARTAMENTO DE ORDEM PÚBLICA E SOCIAL DE SÃO PAULO - DEOPS-SP > PRESOS POLÍTICOS SOBREVIVENTES | TIPOS DE UNIDADES PRISIONAIS | UNIDADES DE DETENÇÃO E TORTURA | VIOLAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS