Resumo da entrevista
A entrevistada versou sobre sua aproximação com a ideologia comunista no âmbito familiar e o início de sua vida política exercida no Grêmio do Colégio Estadual Canadá e posteriormente, através do Movimento Estudantil da Faculdade de Medicina da USP. Neste contexto, relembrou a intensa mobilização de professores e alunos envolvidos na luta pela criação da Escola Experimental de Medicina e pela reestruturação do currículo com inclusão de matérias humanísticas. Em 1968, Eva que era então casada com o militante e estudante de medicina Rubens Bergel, uniu-se à Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e ao lado de mais um casal, formaram o núcleo médico da organização. Cumprindo esta frente de tarefa, Eva ficou responsável pelos cuidados médicos de uma família de militantes destinada ao Vale do Ribeira. Quando foi presa em agosto de 1970, estava com dois meses de gestação, esperando seu segundo filho. Levada para as dependências do DOI-Codi/SP, foi mantida incomunicável por 20 dias. Em sua passagem pelo Deops/SP, relembrou a superlotação das celas, a reforma nos esgotos que causara enormes transtornos e a interrupção das tarefas policiais por conta dos jogos da Copa de 1970. Após dois meses, foi encaminhada à Torre das Donzelas (ala feminina do Presídio Tiradentes) onde viveu praticamente todo o período de gestação. A respeito desta passagem, destacou o apoio e solidariedade das companheiras de cela que lutavam por melhores condições e pela soltura de Eva, que foi liberada às vésperas de dar a luz. Ao retomar suas atividades profissionais enfrentou perseguição política e em 1973, foi novamente presa pelo Deops/SP por 40 dias e em 1974 foi detida para acareação sendo liberada após 24hs. Concluiu seu testemunho fazendo um balanço sobre seu passado, defendendo a importância da preservação das memórias da resistência para que a história possa abranger fatos ocultados e impunes.
