Resumo da entrevista
Em sua segunda sessão de entrevista ao Programa Coleta Regular de Testemunhos, Cidinha narrou sua trajetória de militância política e descreveu sua experiência em aparelhos da repressão do Estado de São Paulo enquanto presa política. Quando criança na década de 1950 presenciava reuniões que eram realizadas em sua casa, onde eram produzidos os boletins do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Partido ao qual seu pai, o militante Patrocínio dos Santos, era filiado. Na juventude, participou ativamente do Movimento Estudantil ainda na fase pré-golpe e deu continuidade a sua militância, aderindo ao PCB em 1964. Relembrou episódios ligados a ações de resistência desempenhadas por ela e sua família, ao lado de companheiros do Partido na cidade de Ribeirão Preto. Inserida no quadro de formação do PCB, participou de um programa de estudos políticos que, segundo ela, lhe serviram como instrumental ideológico para prosseguir na luta. Em 1968 Cidinha, convicta da necessidade da luta armada, decidiu deixar o PCB e aderir a Ação Libertadora Nacional (ALN). Ao mudar-se para São Paulo para integrar um Grupo Tático Armado (GTA) da organização, acabou sendo capturada pela equipe do DOI-Codi/SP, onde permaneceu detida por quatro dias. Em seguida, foi levada para o Deops/SP, a respeito de onde descreveu os trajetos percorridos no interior do prédio e relatou como se davam os processos de interrogatório e de acareação aos quais foi submetida. Concluiu sua pena no Presídio Tiradentes, somando três anos e meio de encarceramento. Ao final, Cidinha reclamou das alterações físicas e estruturais realizadas no prédio do extinto Deops/SP, destacando a derrubada das celas do fundão e a eliminação do elevador, que transportava os presos para as salas de tortura.
