Resumo da entrevista
A coleta de testemunho de Rosalina de Santa Cruz foi realizada durante um Sábado Resistente, programa desenvolvido pela Ação Cultural do Memorial da Resistência, que propôs, nesta ocasião, a abertura de um debate público sobre a luta dos familiares de mortos e desaparecidos da ditadura civil-militar. Rosalina, que é ex-presa política, apontou para a questão da prática regular de sequestro e de prisões clandestinas por parte dos agentes da repressão durante a ditadura. Destacou como a Igreja Católica, que apoiou o golpe de 1964, passou a desempenhar um importante papel na luta contra a ditadura, denunciando a violência política e apoiando militantes e familiares. Na condição de irmã de Fernando de Santa Cruz, desaparecido político, falou sobre as primeiras reuniões da Comissão de Desaparecidos em 1974 e discorreu sobre a luta dos familiares na busca pelos parentes vivos ou por informações da localização de seus restos mortais, para que assim, pudessem desvendar o contexto da morte e os responsáveis pelo crime. Denunciou a ação de agentes da repressão que forneciam informações falsas sobre os desaparecidos aos seus familiares muitas vezes, em troca de dinheiro. Contou sobre sua participação na CPI da Tortura em Brasília no ano de 1978 e ressaltou que a impunidade militar é uma prática que perpetua a violência policial na atualidade.
