Resumo da entrevista
A entrevistada narrou sua experiência de prisão no Deops/SP em novembro de 1969, descrevendo as circunstâncias de sua prisão e os percalços que enfrentou durante sua estada no Deops/SP em função de sua condição física fragilizada após ter dado a luz a seu filho apenas um mês antes da prisão. Vivendo no cárcere em condições precárias de higiene e alimentação, somado as agressões provenientes das sessões de tortura, Rose teve sua saúde física prejudicada, além do trauma psicológico acarretado pela violência que sofrera. Destacou a solidariedade como aspecto fundamental da convivência entre os companheiros presos no Deops/SP, sobretudo em vista das condições impostas pela incomunicabilidade dos presos. Nesse sentido, a troca de informações, a vigília e os cuidados com o outro, eram imprescindíveis para sobrevivência. Relatou que por uma questão de segurança, os presos políticos não trocavam entre si, informações sobre o que motivou a prisão ou sobre o âmbito de militância de cada um. Um dos episódios narrados por Rose com maior emoção, foi sobre ajuda que prestou a companheira de cela Vera Nicoletti que, após ser barbaramente torturada, foi levada inconsciente de volta para a cela e recebida por Rose, que pensou que a companheira estivesse morta. Enquanto Rose tentava socorrê-la, agentes da repressão vieram buscá-la para ser levada. Anos mais tarde, por uma coincidência, reencontraram-se através da internet e Rose teve, portanto, a feliz surpresa de que Vera sobrevivera. Por fim, Rose afirmou que as verdadeiras armas da resistência eram, sobretudo, o próprio corpo dos indivíduos que lutavam e a convicção em estarem lutando por uma causa justa.
