Entrevista com Sofia Dias Batista
Título
Entrevista com Sofia Dias Batista
Código da entrevista
C133
Entrevistados
Data da entrevista
06/09/2017
Resumo da entrevista
Em seu testemunho, Sofia Dias falou sobre sua formação católica inspirada em uma perspectiva socialmente engajada e sobre seu processo de conscientização política inserida no contexto fabril da Zona Leste de São Paulo. Em 1977, ao ingressar como operária na Philco experimenta uma rotina opressiva de trabalho. Amparada pela Pastoral Operária e pelas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), Sofia e outras companheiras começam a problematizar esta realidade e a propor algumas ações de mudança. Segundo sua avaliação, as mulheres, que eram maioria nas linhas de montagem, ingressavam nas fábricas sem formação adequada e seguiam sem nenhuma perspectiva de crescimento profissional. Sofriam diariamente com o assédio, a exploração e a precarização da força de trabalho imersas em uma rotina de produção massacrante. Diante deste cenário, Sofia engaja-se na Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo (OSM-SP), que exercia um papel importante na organização dos trabalhadores pela base, repensando o papel dos sindicatos e fazendo frente à repressão estatal e ao patronato. Com apoio da OSM-SP foram realizados cursos profissionalizantes e reuniões de formação política, fundamentais para a elaboração de uma consciência de classe junto aos trabalhadores. Para cumprimento destas ações, destacou a Igreja como uma importante apoiadora, responsável também por aproximar o movimento operário do movimento popular, fortalecendo-os mutuamente. Neste contexto, Sofia destacou as duas grandes greves da Philco realizadas em 1978 e 1979, quando atuou ao lado de outras lideranças reivindicando melhorias nas condições de trabalho e reajustes salariais. Falou ainda sobre a intensa vigilância exercida pelo Deops/SP que contava com agentes repressivos infiltrados para perseguir os trabalhadores dentro e fora do ambiente de trabalho. Por fim, refletiu sobre as diferenças entre a ação desempenhada pelo movimento operário em São Paulo, identificado por ela como um movimento de ruptura com a lógica vigente do sindicato, em contraposição à ação liderada por São Bernardo do Campo, onde a resistência atuou de forma mais consonante com os sindicatos pré-existentes.
Entrevistadores
Luiza Giandalia | Julia Gumieri
Duração (minutos)
93
Operador de câmera
André Oliveira
Local da entrevista
Memorial da Resistência de São Paulo, São Paulo/SP
Como citar
BATISTA, Sofia Dias. Entrevista sobre militância, resistência e repressão durante a ditadura civil-militar. Memorial da Resistência de São Paulo, entrevista concedida a Luiza Giandalia e Julia Gumieri em 06/09/2017