Entrevista com Sônia Hypólito Lichtsztejn
Título
Entrevista com Sônia Hypólito Lichtsztejn
Código da entrevista
C122
Entrevistados
Data da entrevista
30/01/2017
Resumo da entrevista
A entrevistada relatou sobre sua trajetória de militância política, iniciada em 1966, no Movimento Estudantil paulistano. Neste período, participou de passeatas em oposição à ditadura civil-militar e estabeleceu seus primeiros contatos. Em decorrência da repressão familiar decidiu se mudar e, orientada por dirigentes do Movimento, passou a cursar Geologia na Universidade de Brasília (UnB). Através de um processo crescente de engajamento político aprofundou sua militância. Recrutada para participar do XXX Congresso da UNE em Ibiúna, em outubro de 1968, Sônia sofreu, então, sua primeira prisão política. Ao lado de centenas de estudantes foi levada ao Presídio Tiradentes, tendo sido liberada poucos dias depois. Ao retornar para Brasília, aproximou-se da Ação Libertadora Nacional (ALN) e passou, então, a prestar apoio à organização. Em 1970, em São Paulo, ocorreu sua segunda prisão durante um cerco policial. Levada para o DOI-Codi/SP e posteriormente ao Deops/SP, Sônia sofreu torturas e foi diversas vezes interrogada até ser encaminhada para cumprir pena no Presídio Tiradentes. Posta em liberdade condicional em agosto do mesmo ano, era obrigada a assinar semanalmente o livro de presença na Auditoria Militar. Porém, durante este período, Sônia, que permanecia envolvida com a ALN, foi novamente denunciada e entrou para a clandestinidade. Passou então a colaborar como membro de um Grupo Tático Armado da ALN. Dentre as ações desempenhadas colaborou no “justiçamento” do empresário Henning Albert Boilesen, acusado de colaborar com a repressão. Em 1973, com o desmonte das organizações clandestinas face o recrudescimento da repressão, Sônia foi orientada a seguir viagem para Cuba, onde realizaria treinamento militar. Porém, fatores externos a levaram para o Chile, que logo em seguida sofreu o golpe de Estado. Neste contexto, segue viagem para outros países até obter asilo político na França ao lado do então companheiro Carlos Lichtsztejn. Em 1975, mudam-se para Moçambique, onde passou a trabalhar com educação infantil. Em 1980, retorna para o Brasil e se filia ao Partido dos Trabalhadores (PT) e se engaja em movimentos sociais. Atualmente, Sônia segue na militância e atua como servidora pública.
Lugares da memória mencionados
Auditoria da Justiça Militar | Hospital Militar de Área de São Paulo (HMASP) | Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) | Sítio de Ibiúna | Rua Barão de Capanema | Rua Maria Antônia | Presídio Tiradentes | Deops/SP | Universidade de Brasília (UnB) | DOI-Codi/SP | Faculdade Armando Alvarez Penteado (FAAP) | Casa de Saúde Dr. Eiras
Eventos históricos mencionados
30º Congresso da UNE/Congresso de Ibiúna | Invasão à UnB | Assassinato de Edson Luís de Lima Souto por agentes da repressão | Invasão ao Congresso Nacional | Assassinato de Olavo Hansen por agentes da repressão | Sequestro do cônsul japonês Nabuo Okushi | Execução de Henning Albert Boilesen | Ação armada à Casa de Saúde Doutor Eiras em Botafogo/RJ | Golpe no Chile | Criação do Movimento Tortura Nunca Mais | Revolução dos Cravos | Guerra da independência de Moçambique | Guerrilha do Vale do Ribeira | Assassinato de Aurora Maria Nascimento Furtado por agentes da repressão
Entrevistadores
Luiza Giandalia | Julia Gumieri
Duração (minutos)
105
Operador de câmera
Jamerson Lima
Local da entrevista
Memorial da Resistência de São Paulo, São Paulo/SP
Como citar
HYPÓLITO, Sônia. Entrevista sobre militância, resistência e repressão durante a ditadura civil-militar. Memorial da Resistência de São Paulo, entrevista concedida a Luiza Giandalia e Julia Gumieri em 30/01/2017.