Antônio Bem Cardoso
Nome completo
Antônio Bem Cardoso
Cronologia
1938-1970
Gênero
Masculino
Codinome
O Padre
Perfil histórico
Profissão
Perfil de Atuação
Assuntos: Organizações
Biografia
Natural de Serrita (PE), Antônio Bem Cardoso era casado com Iunele Vieira Cardoso, com quem teve duas filhas. Foi membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB), junto com seu primo José Calistrato Cardoso, com quem militou politicamente no Ceará e em Pernambuco, a partir de 1963. Após o golpe de Estado, em 1964, Antônio Bem Cardoso saiu do PCB e, em 1967, passou a militar na Ação Libertadora Nacional (ALN). Como integrante dessa organização e sob a orientação de Arnaldo Cardoso Rocha – dirigente da ALN morto em 1973 – juntamente com outros companheiros, participou de treinamentos e reconhecimentos de regiões como Serra do Araripe, Serra Grande e Serra de Tauá, no interior do Ceará. Antônio Cardoso foi morto no dia 1° de junho de 1970, executado por agentes da Polícia Federal em sua residência. Conforme o relato de Iunele Vieira Cardoso, ao acordar e abrir a porta do quintal para escovar os dentes, na madrugada do dia 1° de junho, Antônio foi surpreendido por agentes da Polícia Federal que lhe acertaram um tiro no peito. Despertada com o barulho do tiro, a esposa ouviu-o correndo pelo corredor da casa e gritando: “Atiraram em mim”. Mesmo depois de Antônio ter sido baleado, os policiais continuaram a metralhar a casa com Iulene e as filhas dentro. Da rua, ouvia-se vozes ordenando que Antônio se entregasse. Segundo narrou Iunele, essas ordens eram pronunciadas por agentes da Polícia Federal que, ao entrarem na residência das vítimas, retiraram Antônio, todo ensanguentado e agonizando, dos braços de sua esposa. Iunele e suas filhas foram obrigadas, pela polícia, a sair de casa sob ameaça de morte. Todas as pessoas, amigos e familiares que se aproximavam para prestar socorro e solidariedade às vítimas foram afastadas e/ou detidas pelos policiais. Conforme a versão da polícia, Antônio era procurado por motivos de estelionato. Sua esposa declarou em seu relato que os policiais perguntaram a ela onde Antônio guardava o dinheiro do “roubo” e reviraram a casa para buscá-lo. Eles se referiam ao dinheiro retirado do cofre de Ademar de Barros, em ação realizada pela Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), cujo montante foi dividido entre alguns grupos de resistência para financiar a luta contra a ditadura. Nessa divisão, Antônio recebeu uma quantia destinada à ALN, no Ceará. Sua localização, pela polícia, foi facilitada ao trocar uma nota de cem dólares. Iunele relatou, ainda, que mais tarde foi levada, por policiais, à delegacia da cidade de Brejo Santo para prestar depoimento e fazer o reconhecimento dos agentes. No entanto, não reconheceu nenhum dos policiais, uma vez que estavam disfarçados quando da realização do crime, com macacões de trabalho. Segundo o depoimento de uma de suas filhas, na noite seguinte do sepultamento de Antônio, os policiais desenterraram o corpo e quebraram-lhe os dedos para retirar suas impressões digitais.
Assuntos: Eventos
Assuntos Temáticos
ORGANIZAÇÕES E PARTIDOS POLÍTICOS > AÇÃO LIBERTADORA NACIONAL | ORGANIZAÇÕES E PARTIDOS POLÍTICOS > AÇÃO LIBERTADORA NACIONAL > ALN | ATOS DE RESISTÊNCIA > APOIO À MILITANTES | ATOS DE RESISTÊNCIA > ATIVIDADE POLÍTICA CLANDESTINA | ATOS DE RESISTÊNCIA | ATOS DE RESISTÊNCIA > CONTESTAÇÃO AO REGIME | DITADURA CIVIL - MILITAR NO BRASIL | ATOS DE RESISTÊNCIA > EPISÓDIOS DE RESISTÊNCIA | ATOS DE RESISTÊNCIA > GUERRILHAS RURAIS | HISTÓRIA DO BRASIL | JUSTIÇA DE TRANSIÇÃO | MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS | ORGANIZAÇÕES E PARTIDOS POLÍTICOS | ÓRGÃOS DE REPRESSÃO POLÍTICA | ORGANIZAÇÕES E PARTIDOS POLÍTICOS > PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO | ORGANIZAÇÕES E PARTIDOS POLÍTICOS > PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO > PCB | ÓRGÃOS DE REPRESSÃO POLÍTICA > POLÍCIA FEDERAL | ATOS DE RESISTÊNCIA > RESISTÊNCIA À DITADURA CIVIL-MILITAR | VIOLAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS