Cláudio Guerra
Nome completo
Cláudio Guerra
Gênero
Masculino
Perfil histórico
Perfil de Atuação
Biografia
Claudio Guerra é apresentado como ex-delegado lotado no Dops/ES. Atualmente cumpre prisão domiciliar condenado pela morte de sua esposa e de sua cunhada, ambas encontradas em um lixão em 1980. É conhecido personagem da repressão política e nunca negou nenhum de seus crimes, tanto em seu livro “Memórias de uma Guerra Suja” como no documentário “Pastor Cláudio”, nos quais ele afirma categoricamente ter matado, pelo menos, 20 pessoas. Mas seus crimes demoraram até serem julgados, e somente em 2019 virou réu pela Justiça Federal. Em fevereiro de 2014, o Ministério Público Federal (MPF) ofereceu denúncia contra os generais Newton Cruz, Nilton Cerqueira e Edson Sá Rocha, o coronel Wilson Machado, o ex-delegado Cláudio Guerra e o major Divany Carvalho Barros, por participação no atentado do Riocentro. Hoje Guerra trabalha como ministro da Assembleia de Deus, e prefere ser chamado de Pastor. Claudio Guerra ganhou fama ao publicizar que, enquanto agente do Dops/ES, queimava corpos em uma usina de açúcar desativada em Campos de Goytacazes, no Rio de Janeiro. A incineração, segundo Guerra, passou a ser empregada enre 1974 e 1975, sendo usada em desaparecimentos forçados, pois por si só impediria a identificação da vítima. Durante a ditadura, Guerra era membro de uma das equipes do coronel Freddie Perdigão (um dos importantes agentes do CIE) e mencionou, em audiência da CNV realizada em 23 de julho de 2014, que este último tinha dois grupos de trabalho distintos e secretos: um de tortura e interrogatório e outro de execução (do qual Guerra fazia parte). Fez referência específica ao caso de Ana Rosa Kucinski Silva, militante da Ação Libertadora Nacional, que, conforme seu relato, teria sido torturada brutalmente no centro clandestino de Petrópolis conhecido por Casa da Morte. Guerra segue com várias confirmações e afirma que, em relação à prática das execuções sumárias, ele teria executado, a pedido do SNI, três militantes em São Paulo, um em Recife e “dois ou três” no Rio de Janeiro. Guerra também declarou à CNV que agentes envolvidos na repressão, como ele, eram designados para “simular teatros” de tiroteios ou de fato executar militantes políticos em estados diferentes daqueles onde atuavam oficialmente, para evitar que autoridades locais pudessem ser vinculadas aos homicídios. O ex-delegado revelou também que participou de pelo menos uma simulação de tiroteio – a do militante da ALN Merival Araújo, morto sob tortura em 14 de abril de 1973, depois de permanecer preso por uma semana no DOI-CODI/ RJ. As execuções, conforme o mesmo depoimento, eram decididas por órgãos de repressão e realizadas de acordo com procedimentos já estabelecidos. Os agentes que participavam dessas operações passavam por treinamentos não apenas para técnicas específicas de execução, mas também para procedimentos de ocultação de corpos, eliminação de vestígios e elaboração de falsas versões de morte, sempre com o objetivo de atribuir a responsabilidade do crime às próprias vítimas. Sobre esses treinamentos, em entrevista à BBC, o ex-delegado confirmou também que agentes britânicos teriam dado cursos no Rio de Janeiro sobre como seguir pessoas, grampear telefones e usar as celas isoladas. Ainda que esses depoimentos oferecidos por agentes da repressão devam ser analisados com cautela, uma vez que podem estar baseados em estratégias de contrainformação, é possível extrair deles dados verossímeis e reveladores da violência da ação repressiva e de sua finalidade de apagar os vestígios das torturas e dos homicídios.