Délio Jardim de Matos
Nome completo
Délio Jardim de Matos
Cronologia
1916-1990
Gênero
Masculino
Perfil histórico
Instâncias da atuação na repressão
Perfil de Atuação
Biografia
Délio Jardim de Matos nasceu no Rio de Janeiro, filho de militar, assim como os irmãos, seguiu também a carreira na corporação, chegando ao generalato. Mas iniciou no Exército em 1935, ao ingressar na Escola Militar do Realengo. Em 1941, já no início das graduações, foi transferido para o recém-criado Ministério da Aeronáutica. Em 1944 viajou aos Estados Unidos para realizar um treinamento nos aviões Thunderbolt P-47 na base aérea de Foster Field, no Texas (EUA). Muito ligado ao brigadeiro Eduardo Gomes, candidato derrotado à presidência da República em 1945 e em 1950, participou ativamente das investigações do atentado ao líder oposicionista Carlos Lacerda, ocorrido no dia 5 de agosto de 1954 na rua Toneleros, no Rio. Lacerda saiu ferido, morrendo Rubens Vaz. O inquérito policial-militar, instaurado na Base Aérea do Galeão, dispôs de amplos poderes para convocar autoridades suspeitas de envolvimento no episódio. Durante a caçada aos implicados, Délio Jardim de Matos localizou e prendeu Climério Euribes Almeida, acusado de haver disparado contra Rubens Vaz. Todo o inquérito e seus desdobramentos constituíram importante elemento no acirramento da campanha contra o presidente Vargas, que viria a suicidar-se em 24 de agosto seguinte. Em 1955 assumiu o comando da Base Aérea do Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro, sendo destituído pouco depois, após conspirar contra a posse de Juscelino Kubitschek. Em 1957 assumiu o comando do VI Grupo de Aviação, sediado em Recife, do qual foi também destituído após se solidarizar outro oficial punido pelo governo. Foi então removido para o Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA). Em 1961 foi novamente nomeado comandante da Base Aérea do Campo dos Afonsos. No contexto dos movimentos para a deposição do presidente João Goulart, foi um dos principais articuladores das ações na Aeronáutica. Já no governo de Castelo Branco, integrou o Gabinete Militar da Presidência da República como subchefe da Aeronáutica. Pouco depois, Délio foi designado adido aeronáutico junto à embaixada do Brasil em Paris. Ascendendo na carreira, comandou a Escola de Oficiais Especialistas e de Infantaria de Guarda (Curitiba), o IV Comando Aéreo Regional em São Paulo, o Comando Geral do Ar e, em 1977, foi nomeado chefe do Estado-Maior da Aeronáutica (Emaer), sendo inclusive um dos representantes do Brasil na XVII Conferência de Chefes de Estados-Maiores da Aeronáutica dos Países Americanos, realizada no Uruguai. Em 1978 foi designado pelo então presidente Geisel como ministro do Superior Tribunal Militar (STM). Como consequência de suas redes de influência e articulações em 1979 para a eleição do general Figueiredo à presidência da República, Délio Jardim de Matos assume o ministério da Aeronáutica. Já como ministro do STM, posicionava-se em favor de medidas voltadas ao processo de abertura política, que se iniciaria no governo Figueiredo. Em 1978, por exemplo, defendeu a revisão da Lei de Segurança Nacional e o direito da concessão plena de habeas-corpus aos punidos por ações terroristas, pois, no seu entender, estes não deveriam ser considerados presos políticos e, sim, presos comuns que tinham tal direito. Como ministro da Aeronáutica, revogou portaria de 1964 que impedia a entrada, em qualquer dependência da Aeronáutica, de todo elemento da FAB que houvesse sido punido pelos atos institucionais, também tomando medidas que permitiram que pilotos cassados da FAB voltassem a exercer regularmente a sua profissão. Com o avançar do processo de abertura políticas, em 1982, Délio posicionou-se favorável à reforma constitucional que permitia a volta da eleição direta para governadores. E, em 1983, declarou-se favorável à instalação de uma Assembleia Nacional Constituinte. Deixou o ministério em 1985.