Divino Ferreira de Souza
Nome completo
Divino Ferreira de Souza
Cronologia
1942-1973
Gênero
Masculino
Codinome
Nunes
Perfil histórico
Mortos e desaparecidos políticos | Perseguidos políticos | Presos políticos
Profissão
Perfil de Atuação
Assuntos: Organizações
Partido Comunista do Brasil | Organizações estudantis secundaristas
Biografia
Nascido na cidade de Caldas Novas (GO), Divino Ferreira de Souza mudou-se com a família para Goiânia no ano de 1947 quando tinha apenas cinco anos. Estudou no Colégio Comércio de Campinas, onde participou de greves e se tornou uma liderança estudantil. Divino foi um destacado integrante da União Goiana dos Estudantes Secundaristas, o que abriu caminho para a intensa militância política até o fim de sua vida. Em 1966, já como membro do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), foi escolhido para integrar uma delegação de militantes que esteve na China para a realização de cursos políticos e militares. Após escala no Paquistão, chegou ao país comunista onde fez treinamento militar na cidade de Nanquim e treinamento político em Pequim. Em 1967, quando fez escala em Paris para aguardar o retorno ao Brasil, foi informado de que os serviços de informação do governo possuíam os nomes dos militantes comunistas que voltavam da China. Os nomes teriam sido levantados após a prisão de Tarzan de Castro, segundo consta em documento produzido pelo Serviço Nacional de Informações (SNI). Após retornar ao Brasil e já vivendo de forma clandestina, recebeu orientações do partido para instalar-se no interior de Goiás e, posteriormente, na região do Araguaia. Lá passou a viver como comerciante, atendendo pelo nome de Nunes. Também trabalhou no campo na região de Brejo Grande do Araguaia (PA), área de atuação do Destacamento A das forças guerrilheiras. Divino de Souza teve seu desaparecimento forçado durante a Operação Marajoara, planejada e comandada pela 8ª Região Militar (Belém) com cooperação do Centro de Informações do Exército (CIE). A Operação Marajoara foi iniciada em 07 de outubro de 1973, como uma operação “descaracterizada, repressiva e antiguerrilha”, ou seja, com uso de trajes civis e equipamentos diferenciados dos usados pelas Forças Armadas. O seu único objetivo foi destruir as forças guerrilheiras atuantes na área e sua “rede de apoio”: os camponeses que com eles mantinham ou haviam mantido algum tipo de contato. Segundo o Relatório Arroyo, a morte de Divino teria ocorrido em 13 de outubro de 1973 na companhia de outros guerrilheiros. Neste dia, quando se preparavam para sair de uma antiga roça onde abateram animais para alimentação, um dos companheiros ouviu um barulho. De imediato apareceram soldados apontando as armas e atirando sobre o grupo. João Gualberto Calatrone (Zebão) conseguiu escapar, mas os outros foram mortos. Em declarações concedidas ao Ministério Público Federal, em 2001, e citadas pelo livro Dossiê Ditadura, os camponeses Manoel Leal Lima (Vanu) e Antônio Félix da Silva, que serviram de mateiros ao Exército no período da guerrilha, atestam que Divino sobreviveu aos primeiros tiroteios e, detido com vida, recebeu injeções anestésicas para suportar os interrogatórios militares. Segundo estes depoimentos, disponíveis no Dossiê Ditadura, Divino teria sido executado sumariamente na Casa Azul, em Marabá. O relatório do Ministério da Marinha encaminhado ao ministro da Justiça, Maurício Corrêa, em 1993, afirma que Divino morreu em 14 de dezembro de 1973, dois meses após o confronto que resultou na sua prisão. Esta datação pode ser resultado tanto de uma imprecisão relativa ao mês da morte de Divino quanto um indício de que ele teria ficado sob custódia do Exército por esse tempo, sendo executado sumariamente depois disso. A maioria dos relatos converge para a primeira hipótese, na qual Divino teria sido executado sumariamente no dia seguinte à sua prisão, portanto, no mês de outubro. Neste sentido, no Relatório do Centro de Informações do Exército (CIE), Ministério do Exército, consta que ele teria morrido em 14 de outubro de 1973. Em 2010, a Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) condenou o Brasil pela desaparição de 62 pessoas na região do Araguaia,
no caso Gomes Lund e Outros (“Guerrilha do Araguaia”) vs Brasil, dentre elas está Divino.
Ano(s) de prisão
1973
Tempo total de encarceramento (aprox.)
1 dia
Cárceres
Assuntos: Lugares
Assuntos Temáticos
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