Freddie Perdigão Pereira
Nome completo
Freddie Perdigão Pereira
Cronologia
1936-1996
Gênero
Masculino
Codinome
Doutor Roberto; Doutor Nagib
Perfil histórico
Instâncias da atuação na repressão
Perfil de Atuação
Instituições estatais | Organizações clandestinas da repressão
Biografia
Coronel do Exército. Serviu no Centro de Informações do Exército (CIE), vinculado aos gabinetes dos ministros do Exército Lyra Tavares e Orlando Geisel, de julho de 1968 a março de 1972. Nesse período consta denúncia de sua participação na morte do deputado Rubens Beyrodt Paiva nas dependências do DOI-CODI/I Exército. Segundo testemunho à CNV do coronel Ronald Leão, Rubens Paiva foi recebido no DOI do I Exército pelos agentes do Centro de Informações do Exército (CIE) Freddie Perdigão Pereira e Rubens Paim Sampaio. Também neste período, sob o codinome "doutor Roberto", atuou no centro clandestino conhecido como Casa da Morte, em Petrópolis (RJ). Em julho de 1971, segundo depoimento de Inês Etienne Romeu, os oficiais Freddie Perdigão Pereira (“doutor Roberto”), Rubens Paim Sampaio (“doutor Teixeira”) e “doutor Guilherme”, e os agentes Rubens Gomes Carneiro (o “Laecato” ou “BoaMorte”), Ubirajara Ribeiro de Souza (“Zé Gomes”) e Antônio Waneir Pinheiro de Lima (“Camarão”), participaram da tortura do dirigente da ALN Paulo de Tarso Celestino da Silva. Já em depoimento à CNV de 7 de fevereiro de 2014, Marival Chaves Dias, ex-sargento do DOI-CODI/SP, confirmou que o casal da ALN Ana Rosa Kucinski Silva e Wilson Silva foram levados para a Casa da Morte de Petrópolis pelo coronel do Exército Freddie Perdigão Pereira. Outro ex-agente que prestou depoimento à CNV, o ex-delegado do DOPS/ES, Cláudio Antônio Guerra, disse também que trabalhava sob as ordens do coronel Freddie Perdigão Pereira, e confessou que retirou corpos do DOI-CODI, de mortos que estão desaparecidos até hoje. Entre fevereiro de 1973 e janeiro de 1975, Perdigão serviu no Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) do II Exército, em São Paulo, sob o comando de Carlos Alberto Brilhante Ustra e Audir Maciel. A Seção de Investigação do DOI-CODI/II Exército foi, por um tempo, chefiada pelo oficial do Exército Ênio Pimentel da Silveira (dr. Ney) e seu substituto era o oficial do Exército Freddie Perdigão Pereira. Já sobre sua atuação em São Paulo, Roberto Artoni e Marival Chaves afirmaram à CNV que Severino Teodoro de Melo, figura proeminente na história do Partido Comunista Brasileiro (PCB), colaborou com o DOI-CODI/II Exército e era controlado diretamente pelo chefe da Seção de Investigação, Ênio Pimentel da Silveira, passando depois para Freddie Perdigão Pereira. A partir de fevereiro de 1973, o coronel Freddie Perdigão Pereira passou a trabalhar ao lado de Ustra no DOI/SP e, segundo depoimento de Marival Chaves à CNV, teria atuado como elemento de ligação entre esse órgão e as equipes do CIE que atuavam na Casa da Morte. As circunstâncias e a autoria dos sequestros e desaparecimentos de Carlos Alberto Soares de Freitas, Antônio Joaquim Machado, Mariano Joaquim da Silva e Aluízio Palhano Pedreira indicam complementaridade entre os DOI (órgãos espalhados nacionalmente) e a Casa da Morte de Petrópolis. Carlos Alberto Brilhante Ustra comandava o DOI/SP não somente à época do desaparecimento de Aluízio Palhano, mas durante todo o período em que há denúncias de desaparecimentos vinculados à Casa. Na segunda metade da década de 1970, Perdigão esteve na agência do SNI no Rio de Janeiro, entre novembro de 1974 e fevereiro de 1977. Relatório Final da CNV destaca que dentro da chamada comunidade de informações, o SNI revelou-se o único organismo a ter as funções definidas, que eram coletar, armazenar, analisar, proteger e difundir informações sobre os opositores do regime. Mesmo assim, abrigou oficiais como o coronel Freddie Perdigão Pereira, que é um exemplo de como operava o chamado Grupo Secreto, que, muitas vezes, não obedecia a disciplina e a hierarquia militar, oferecendo múltiplas capacidades de atuação, inclusive com ações clandestinas, a partir de um objetivo comum. Em 1976, Perdigão comandou a operação militar contra dirigentes do PCdoB no evento que ficou conhecido como Massacre da Casa da Lapa, com destaque para a farsa da cena do crime que foi montada pelos policiais e defendida como versão oficial. Desta forma, como constatado, Freddie Perdigão Pereira, teve participação em casos de detenção ilegal, tortura, execução, desaparecimento forçado, ocultação de cadáver de diversos presos políticos e oposicionistas do governo, além de ter atuado diretamente no atentado do Riocentro, em 1981. Além da bomba que explodiu no Puma, ocorreu uma segunda explosão na Casa de Força do Riocentro, miniestação responsável pelo fornecimento de energia elétrica. A bomba foi jogada por cima do muro da miniestação, mas explodiu em seu pátio e a energia não chegou a ser interrompida. De acordo com diferentes relatos e depoimentos colhidos nos IPM de 1981 e 1999, essa segunda bomba, ação coordenada pelo coronel Freddie Perdigão Pereira, tinha o intuito de interromper o fornecimento de energia do local e paralisar o show que se realizava do espaço. Perdigão, recebeu a Medalha do Pacificador com Palma em 1970.