Gentil Nogueira Paes
Nome completo
Gentil Nogueira Paes
Cronologia
1914-2010
Gênero
Masculino
Perfil histórico
Instâncias da atuação na repressão
Perfil de Atuação
Biografia
General de Brigada. Comandante do 2o grupamento de engenharia e construção do Exército no ano de 1974, sendo um dos responsáveis pela abertura da BR-174, conhecida como rodovia Manaus– Boa Vista. Após o golpe de 1964, e dentro de uma estratégia política de ocupação da Amazônica, o governo militar decidiu construir a rodovia que ligaria Manaus à capital do então território federal de Roraima. A obra, como um todo, foi realizada pelo Exército de 1968 a 1977. Levantamento da CNV constata que entre 1972 e 1975 as obras da BR-174 resultaram na morte e no desaparecimento de número expressivo de indígenas da etnia Waimiri Atroari. A rodovia cortou ao meio o território indígena que, na época, possuía pouco contato com os agentes do Estado brasileiro. Eles ocupavam suas terras desde 1917, quando a União "concedeu" parte do território que habitavam. A partir de 1973, quando as obras atingiram um ponto importante, com os preparativos para a travessia de um rio importante na região, segundo a ação movida pelo Ministério Público Federal, o conflito entre índios e Exército se acentuou e tropas militares do BIS (Batalhão de Infantaria de Selva) foram deslocadas para a região. Em entrevista à Folha em 2012, José Porfírio de Carvalho, ex-funcionário da Funai, revelou que no começo dos anos 1970, diante dos atritos com os índios, pediu ao Exército que parasse a construção da estrada. "Fomos procurar o general Gentil Nogueira Paes. Pedimos para parar a estrada. Ele disse: Vou construir, mesmo que tenha que matar esses índios assassinos. Dei ordem para meter fogo'", afirmou. O Exército não comentou o caso. Mas, em ofício de número 42-E2-CONF, produzido em reunião realizada no quartel do Exército, no km 220 da BR-174 (que contou com a presença do delegado regional da Funai, Francisco Mont’Alverne, e do chefe de Divisão da Amazônia da Funai, major Saul Carvalho Lopes), o general de Brigada Gentil Nogueira Paes afirmou que “esse comando, caso haja visitas dos índios, realiza pequenas demonstrações de força, mostrando aos mesmos os efeitos de uma rajada de metralhadora, de granadas defensivas e da destruição pelo uso de dinamite”. José Porfírio de Carvalho ainda declara que, ao fim da construção da rodovia, em 1981, muitas crianças waimiri-atroari ficaram abandonadas na floresta. "Encontrei na mata 17 crianças isoladas, sem adultos por perto". Por conta de toda a violação, o Ministério Público Federal ajuizou uma ação civil pública na Justiça Federal do Amazonas contra a União e a Funai (Fundação Nacional do Índio) pela qual requer uma indenização de R$ 50 milhões e pedido oficial de desculpas aos índios waimiri-atroari por danos sofridos pela etnia durante a ditadura militar (1964-1985). Os procuradores da República também pedem a criação de um centro de memória para divulgar informações sobre "as violações aos direitos dos povos indígenas no país e no Amazonas" e a inclusão, no conteúdo programático das escolas do ensino médio e fundamental, de estudos sobre as violações dos direitos humanos dos indígenas durante a ditadura, "com destaque ao genocídio do povo waimiri-atroari".