Golbery do Couto e Silva
Nome completo
Golbery do Couto e Silva
Cronologia
1911-1987
Gênero
Masculino
Perfil histórico
Instâncias da atuação na repressão
Perfil de Atuação
Biografia
Chefe do SNI de junho de 1964 a março de 1967. Exerceu a chefia do gabinete civil de 1974 a 1981, nos governos dos presidentes Ernesto Geisel e João Baptista de Oliveira Figueiredo. Mais detalhadamente, Golbery do Couto e Silva ingressou em 1927 na Escola Militar do Realengo, e, em 1941, já tendo avançado na carreira militar, entrou para a Escola de Estado-Maior do Exército. Em 1944 viajou aos EUA para estagiar em Fort Leavenworth. Após o término do curso, seguiu para o front como oficial de informações da FEB. De volta ao Brasil, foi alocado em diversas unidades militares, seguindo suas promoções. Entre 1947 e 1950 esteve no Paraguai como parte da Comissão Militar Brasileira de Instrução. Em 1952 passou a adjunto do Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra (ESG), instituição que tinha por finalidade “desenvolver e consolidar os conhecimentos necessários para o exercício das funções de direção e para o planejamento da segurança nacional”. Em suas novas funções, Golbery encontrou condições favoráveis para impulsionar suas teses, que condicionavam à segurança nacional o êxito de um projeto global de desenvolvimento, em cujas tarefas o Estado deveria associar-se à iniciativa privada mediante o apoio intermediário de uma elite tecnocrática, civil e militar, ideologicamente comprometida com um conjunto de “objetivos nacionais permanentes”. Essas teses depois vieram a constituir-se na essência do programa da ESG. A doutrina de segurança nacional sustentava ainda o integral posicionamento do Brasil ao lado do Ocidente, em confronto com o bloco soviético. Considerava que a preservação da segurança era fator fundamental de promoção do desenvolvimento e que, pelo fato de implicar uma progressiva centralização de poderes, poderia provocar a supressão de alguns valores definidores da ordem democrática. Após o suicídio de Vargas em 1954, Golbery do Couto e Silva, então tenente-coronel vinculado à ESG, aprofundou seus vínculos com o grupo militar que se opunha à candidatura de Juscelino Kubitschek à presidência, motivo pelo qual foi mantido preso por oito dias. No governo de Jânio Quadros, Golbery assumiu as funções de chefe de gabinete da secretaria geral do Conselho de Segurança Nacional, tornando-se elemento da confiança pessoal do novo presidente. Com a posse de João Goulart em 1961, Golbery pediu transferência para a reserva. A partir de então sua atuação passou a estar vinculada ao Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPÊS), criado por líderes empresariais cariocas e paulistas. O Ipês, ao mesmo tempo em que promovia articulações militares conspiracionistas, custeava editoriais e matérias políticas na imprensa para denunciar o governo em sua suposta agitação comunista. Junto ao Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD), o Ipês financiou campanhas políticas de posições conservadoras. Com o golpe de 1964, Castelo Branco criou o Serviço Nacional de Informações (SNI), tendo “por finalidade superintender e coordenar, em todo o território nacional, as atividades de informação e contrainformação, em particular as que interessem à segurança nacional” e, seu primeiro chefe, que teria honras de ministro de Estado, foi Golbery, que se referia ao órgão que dirigia como o “Ministério do Silêncio”. Ao fim do mandato de Castelo, Golbery, junto com outros generais, buscou recurso alternativo para a sucessão presidencial, na tentativa de afastar a possibilidade de Costa e Silva. Sem sucesso, entregou o cargo de chefe do SNI no momento em que Costa e Silva assumiu a presidência. Golbery passou então a ser ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). Aposentou-se em 1969, quando assumiu a presidência o general Médici, de quem Golbery era desafeto. Ao se afastar do TCU, Golbery mergulhou nas suas articulações políticas com vistas à indicação de Geisel para a sucessão de Médici, sem deixar, entretanto, de conciliar esse esforço com a participação na iniciativa empresarial privada. Golbery integrou-se, em 1972, na qualidade de presidente da multinacional Dow Chemical para toda a América Latina. Com a indicação de Geisel à sucessão presidencial, Golbery influiu na escolha dos ministros e dos diretores de empresas estatais, das assessorias e dos titulares do segundo escalão da administração direta. Nesse novo governo, Golbery foi ministro-chefe do Gabinete Civil. Atravessadas muitas crises do governo Geisel, Golbery manteve-se, no entanto, no governo Figueiredo como ministro-chefe do Gabinete Civil. A maior realização atribuída a Golbery na gestão Figueiredo foi a reformulação do quadro partidário brasileiro, pondo fim ao bipartidarismo; e o episódio do Riocentro foi um importante desafio à posição pública de Golbery em favor da abertura política. Em 6 de agosto de 1981, Golbery deixou subitamente o Gabinete Civil. Segundo a Folha de S. Paulo do dia 7 daquele mês, os motivos reais foram conflitos com o ministro da Fazenda Antônio Delfim Neto. Dias depois, Golbery foi convidado pelo banqueiro Edmundo Sofitier para integrar o conselho de administração do Banco Cidade de São Paulo. Afastado da vida pública, chegou a declarar, no entanto, que o presidente José Sarney era necessário e que não poderia haver outra transição.