Dados gerais
Nome completo
João Alfredo Dias
Cronologia
1932-1964
Gênero
Masculino
Codinome
Nego Fuba
Perfil histórico
Mortos e desaparecidos políticos | Perseguidos políticos | Presos políticos
Perfil de Atuação
Assuntos: Organizações
Ligas Camponesas | Partido Comunista Brasileiro | Sindicatos rurais
Biografia
Nascido em Sapé (PB), João Alfredo Dias era conhecido como “Nego Fuba”. Além de camponês, também trabalhava como sapateiro. Militava no Partido Comunista Brasileiro (PCB), onde teve atuação relevante na área sindical – razão pela qual já havia sido preso antes de 1964. Foi um dos organizadores da Liga Camponesa de Sapé. Nas eleições municipais de 1963, obteve uma das maiores votações, sendo eleito para o cargo de vereador em Sapé, com mais de três mil votos. O golpe militar de abril de 1964 desencadeou um período de intensa repressão às lideranças das Ligas Camponesas. Pouco tempo depois, João foi preso, sendo mantido no 15° RI, onde também estava o camponês Pedro Inácio de Araújo, conhecido como Pedro Fazendeiro. Na audiência pública promovida em 15 de julho de 2013 pela CNV e entidades parceiras, o ex-deputado Francisco de Assis Lemos de Souza informou ter estado preso com Pedro de Araújo e João Dias no 15° RI. O ex-deputado acrescenta que ele e os camponeses eram acusados do assassinato do fazendeiro Rubens Régis, sendo coagidos pelo major Cordeiro, responsável pelo Inquérito Policial Militar, a confessar sua responsabilidade ou denunciar os responsáveis pelo homicídio do latifundiário. Ao retornar de um interrogatório, Nego Fuba teria confidenciado a Assis Lemos acreditar que morreria na prisão, tendo em vista que o major Cordeiro insistia para que ele confessasse um crime que não havia cometido. Pouco depois dessa confidência, João Alfredo e, dias depois, Pedro Inácio foram soltos. Há certa imprecisão na data de liberação de João Alfredo Dias. Assis Lemos assegura sua saída no dia 29 de agosto, no entanto, outros relatos informam que o militante teria sido solto junto com o companheiro Pedro Fazendeiro, no dia 7 de setembro. Em 10 de setembro de 1964, o jornal Correio da Paraíba denunciou a localização de dois corpos nas adjacências da estrada que liga Campina Grande a Caruaru, próximo ao distrito de Alcantil, município de Boqueirão. Os corpos estavam carbonizados e apresentavam sinais de tortura e enforcamento. Segundo a reportagem, não foi possível proceder à identificação dos cadáveres, em razão do estado dos restos mortais. Na ocasião, ao tomar conhecimento dessa reportagem, conforme consigna no depoimento escrito prestado à CEMDP, Assis Lemos suspeitava “tratar-se de Pedro e João Alfredo devido à semelhança física, como também aos calções que as vítimas usavam, idênticos aos que vestiam na prisão”. Em 1995, foram feitas tentativas no intuito de se identificar os dois corpos noticiados pelo jornal Correio da Paraíba. José Severino da Silva, conhecido como Zé Vaqueiro, foi quem encontrou os corpos, na ocasião dos fatos. Afirma que viu um dos corpos com uma corda amarrada ao pescoço, informando ainda que parecia que “aqueles homens foram muito judiados antes de morrer”. Por solicitação do major da PM Antônio Farias, ajudou a enterrá-los no mesmo local onde foram encontrados carbonizados. Durante os procedimentos de identificação do local de sepultamento, Zé Vaqueiro foi consultado. As tentativas de localização dos corpos, no entanto, não obtiveram sucesso. A CNV convocou José Benedito Montenegro de Magalhães Cordeiro para depor, no Rio de Janeiro, em 29 de julho de 2014. O oficial, porém, se recusou a comparecer. Ele prestaria esclarecimentos sobre os desaparecimentos de Nego Fuba e Pedro Fazendeiro. Até a presente data, João Alfredo Dias permanece desaparecido.
Ano(s) de prisão
1964
Tempo total de encarceramento (aprox.)
6 meses