João Carlos Tralli
Nome completo
João Carlos Tralli
Cronologia
1932-2007
Gênero
Masculino
Codinome
Trailler
Perfil histórico
Instâncias da atuação na repressão
Perfil de Atuação
Instituições estatais | Organizações clandestinas da repressão
Biografia
Investigador da Polícia Civil que servia no Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo (Deops/SP) e no Esquadrão da Morte (EM), compondo, em 1969, a equipe de Sérgio Paranhos Fleury. O Deops/SP, apesar de ser uma unidade policial, não dispunha de uma hierarquia rígida, mesmo no período mais duro da repressão, sendo o caso de Fleury bastante emblemático. Pois ele, na prática, não respondia à sua chefia formal: o diretor-geral do departamento. Fleury trabalhava por conta própria, respondendo diretamente aos órgãos federais, sobretudo o DOI-CODI/II Exército (SP) e o Cenimar. Da mesma forma, os membros de sua equipe estavam fora da hierarquia do Deops/SP e deviam responder somente a ele, Fleury. Na equipe de Fleury, além de Tralli atuavam Carlos Alberto Augusto, o Carteira Preta ou, segundo militantes, Carlinhos Metralha; Henrique Perrone; Adhemar Augusto Pereira, o Fininho; José Carlos Campos Filho, o Campão; e Massilon Bernardes Filho. Tralli teve participação em casos de detenção ilegal, tortura e execução e entre 1973 e 1974 chegou a passar seis meses preso, sob a acusação de integrar grupos de extermínio em São Paulo, principalmente o EM. Vincula-se aos casos de Carlos Marighella e Rose Nogueira em 1969; Eduardo Collen Leite e Joaquim Câmara Ferreira em 1970; e Antônio Pinheiro Salles no ano seguinte. Teria passado ao DEIC-SP em 1982 e exonerado da Polícia Civil em 1984. Sobre o caso de tortura e execução de Bacuri, a Comissão da Verdade do Rio de Janeiro colabora com testemunho que associa Tralli à Casa de São Conrado, centro clandestino sobre o qual existem poucas informações. A Casa de São Conrado era um imóvel usado pelo CENIMAR como mais um centro clandestino de prisão e tortura no começo da década de 1970, no qual também atuavam equipes do Deops/SP, comandadas por Fleury. A existência da Casa foi denunciada em 1974 por Ottoni Guimarães Fernandes Júnior na 1ª Auditoria da Aeronáutica do Rio, mas sua localização ainda permanece imprecisa. Por meio de Ottoni Jr. sabe-se que por ali circularam cerca de 20 agentes da repressão, inclusive um médico que dava assistência para que os presos pudessem continuar sendo torturados. Além de Fleury, ele denunciou a presença do comandante da Marinha, Armando Amorim do Valle, do motorista conhecido como Trailler, que no depoimento à CNV citou como Luís Carlos, mas que na lista de torturadores preparada por presos políticos na década de 1970 (o Bagulhão) está identificado como João Carlos Tralli.