João Lucena Leal
Nome completo
João Lucena Leal
Cronologia
1939
Gênero
Masculino
Codinome
Doutor Aldo
Perfil histórico
Instâncias da atuação na repressão
Autoria direta | Gestão de estrutura utilizada pela repressão
Perfil de Atuação
Biografia
João Lucena Leal nasceu em Brejo Santo (CE) e aos 15 anos mudou-se para o Rio de Janeiro, trabalhando como jornaleiro e garçom e ingressou no ginásio apenas quando prestava o serviço militar. Em 1958 deu baixa no Exército e mudou-se para São Paulo em 1958, empregando-se como motorista da Companhia Municipal de Transportes (CMTC). No ano seguinte, em Brasília, ingressou na Guarda Especial. Em 1962, foi enviado a Belém como detetive do Serviço Federal de Repressão às Infrações contra a Fazenda Nacional e como agente auxiliar da Polícia Federal. Em 1965 foi transferido para a delegacia regional do Departamento Federal de Segurança Pública (DFSP) em Manaus, e em seguida para Porto Alegre. Em dezembro de 1968, a partir do Ato Institucional nº 5, e estando lotado no Departamento da Polícia Federal (DPF) do Ceará, Lucena passou a chefiar diligências para investigar e prender opositores do regime militar na região. Em 1972 ingressou na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará e tornou-se agente federal. Em maio de 1977 foi transferido para o DPF do Mato Grosso do Sul e, em março de 1980, quando se encontrava lotado na DPF do Espírito Santo foi exonerado da Polícia Federal por exercer a advocacia na área criminal, prática proibida pela legislação vigente. Ainda em 1980 foi convidado para o cargo de delegado da polícia civil na região de Rondônia. Empossado em outubro, assumiu como titular da delegacia especializada de homicídio, acumulando também as funções na delegacia de jogos e diversões. Sua atuação na polícia valeu-lhe em 1982 o convite para integrar o Partido Democrático Social (PDS), sendo que no mesmo ano foi nomeado diretor-geral do Departamento Estadual de Trânsito de Rondônia, mas ficou no órgão por pouco tempo. Em 1985, já como Deputado Federal, Lucena Leal foi acusado pelo advogado Nílton Gurgel Barreto, que estivera preso em Fortaleza, e pelo deputado estadual e vice-prefeito eleito de Porto Velho, Tomás Correia, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), de ter sido torturador durante o regime militar e de seu nome figurar na lista do de 444 torturadores do período 1969-1974. No ano seguinte Lucena não conseguiu a reeleição e afastou-se da política, voltando à cena pública em dezembro de 1988, quando ficou conhecido nacionalmente por ter sido um dos maiores defensores dos fazendeiros Darli Alves da Silva e Darci Pereira da Silva, acusados de mandar assassinar o líder seringueiro Francisco Alves Mendes Filho, o Chico Mendes. No Projeto Brasil Nunca Mais, editado pela Arquidiocese de São Paulo em 1985, seu nome aparece citado no depoimento formal de sete ex-presos políticos, que o acusaram de torturador. Em 1998, a revista Veja publicou uma reportagem intitulada “Esse maldito passado”, onde João Lucena admitiu ter utilizado métodos violentos de interrogatório, no tempo em que trabalhava como agente da Polícia Federal em Fortaleza, durante os anos do regime militar. Em depoimento prestado em 13 de dezembro de 2012 à Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara (CEMVDHC), de Pernambuco, José Calistrato Cardoso Filho confirmou seu relato sobre as circunstâncias de morte de Antônio Bem Cardoso e a indicação de autoria do delegado João Lucena Leal.