João Paulo Moreira Burnier
Nome completo
João Paulo Moreira Burnier
Cronologia
1919-2000
Gênero
Masculino
Perfil histórico
Instâncias da atuação na repressão
Gestão de estrutura utilizada pela repressão | Político-institucional
Perfil de Atuação
Biografia
Brigadeiro do ar. Contrário ao governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961), o então tenente-coronel João Paulo Moreira Burnier liderou, em dezembro de 1959, a Revolta de Aragarças, orquestrada por um grupo de oficiais da FAB, do Exército e de civis e autodesignado “movimento revolucionário”, que pretendia derrubar JK acusando-o de corrupção e de proximidade com o comunismo internacional. Com o fracasso do movimento, Burnier exilou-se na Bolívia e retornou ao Brasil apenas em 1961. Promovido a coronel, esteve em 1963 na Escola das Américas, no Panamá, realizando cursos de inteligência e contrainteligência militar. Burnier, em entrevista ao CPDOC/FGV, relatou que oficiais de diversos países latino-americanos frequentavam o curso de informações, que era orientado pela ideia de combate ao comunismo. Burnier descreveu ainda como esse treinamento o preparou para criar o CISA em 1968, assumindo a chefia do órgão até março de 1970. Neste período seu nome esteve ligado ao Caso Para-Sar, plano arquitetado por militares de extrema-direita para desacreditar opositores do regime militar por meio de atentados terroristas na cidade do Rio de Janeiro. Relatório da CNV registra que, segundo depoimento do capitão-aviador reformado Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho, Burnier foi o idealizador das "missões especiais" que teriam por objetivo eliminar sumariamente as pessoas que atiravam objetos contra a polícia do alto dos edifícios do centro do Rio de Janeiro durante as manifestações estudantis iniciadas com a morte do estudante secundarista Edson Luís de Lima Souto, em março de 1968. Em abril de 1970, Burnier assumiu o comando da 3a Zona Aérea, no Rio de Janeiro, quando agentes da Aeronáutica, sob seu comando direto, destacaram-se pela participação em prisões ilegais, tortura, mortes e desaparecimentos forçados de opositores políticos da ditadura militar. Relatos de militares e de ex-presos políticos imputam ao brigadeiro Burnier a participação em tortura, assim como na ocultação do cadáver de Stuart Angel Jones. E foi em razão da repercussão das denúncias relativas à morte de Stuart Angel Jones na Base Aérea do Galeão, que Burnier acabou exonerado do cargo em 1971 e transferido para a reserva remunerada. Burnier ingressou então na iniciativa privada, fundando em 1974, ao lado de outros militares, a Xtal do Brasil, empresa voltada para a industrialização e para a comercialização do cristal de quartzo.