José Bartolomeu Lemos Gibson
Nome completo
José Bartolomeu Lemos Gibson
Cronologia
1923-1991
Gênero
Masculino
Perfil histórico
Instâncias da atuação na repressão
Perfil de Atuação
Biografia
Promotor de Justiça. Exerceu cargo em comissão no Departamento de Investigações da Secretaria de Segurança Pública do estado de Pernambuco, em 1969, quando teve participação no caso de detenção ilegal, tortura e execução do padre Antônio Henrique Pereira Neto. Antônio Henrique era coordenador da Pastoral da Arquidiocese de Olinda em Recife, trabalhando com inclusão social, recuperação de jovens toxicômanos e como assessor direto de dom Hélder Câmara. Não era ligado a nenhum partido ou organização política, mas passou a receber ameaças do Comando de Caça aos Comunistas (CCC). Foi visto pela última vez em maio de 1969 entrando em uma Rural Willys verde e branca, no largo do Parnamirim. Na manhã do dia seguinte seu corpo foi encontrado na Cidade Universitária do Recife, apresentando marcas de queimaduras de cigarro, hematomas, cortes profundos, castração, sinais de estrangulamento e ferimentos por arma de fogo. A repercussão de sua morte gerou, no dia 2 de julho de 1970, um informe do general Carlos Alberto da Fontoura, chefe do SNI, ao ministro da Justiça, Alfredo Buzaid, versando sobre o “assassínio do padre Antônio Henrique”. As investigações sobre o caso foram concluídas em dezembro de 1970, quando o promotor público José Ivens Peixoto de Carvalho apresentou alegações finais seguindo as orientações do Ministério da Justiça para isentar de responsabilidade os investigadores da Polícia Civil e suprimir referência à utilização de veículo dessa instituição no sequestro e morte do religioso. Em depoimento à Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Hélder Câmara (CEMVDHC), em 22 de outubro de 2013, o irmão Orlando Cunha Lima afirmou que o livro de controle de entrada e saída de veículos da Secretaria de Segurança Pública do estado de Pernambuco fora alterado, com supressão da folha que continha a anotação de que na noite do sequestro do padre Henrique, em 26 de maio de 1969, a Rural Willys verde e branca havia sido conduzida pelo promotor público e diretor de investigação da Secretaria de Segurança Pública José Bartolomeu Lemos Gibson. Na tentativa de evitar a prescrição do crime, o Ministério Público estadual apresentou, no ano de 1988, denúncia contra o procurador de Justiça José Bartolomeu Gibson e os investigadores Henrique Pereira da Silva Filho e Rivel Gomes da Rocha, apontados como responsáveis diretos pelo crime. A ação foi arquivada pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco. Na análise do caso, em 1996, a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) concluiu que a morte ocorrera por causas não naturais, com “sinais de crueldade”, e com a vítima sob custódia de agentes do Estado.