José Paulo Bonchristiano
Nome completo
José Paulo Bonchristiano
Gênero
Masculino
Codinome
Dr. Paulo
Perfil histórico
Instâncias da atuação na repressão
Perfil de Atuação
Biografia
Delegado da Polícia Civil que esteve lotado no Deops/SP entre 1964 e 1972, participando da montagem da Polícia Federal em São Paulo, cujo objetivo era organizar uma polícia judiciária do Estado brasileiro capaz de atuar em todo o país. Depoimento do delegado José Paulo Bonchristiano conta como o Deops/SP colaborou com a instalação da PF em São Paulo, sendo usados, inclusive, contatos deste Departamento para pedir doações a empresários. Outra característica importante da PF é que, durante a ditadura, todos os seus diretores foram militares, a maior parte com patente de general. Bonchristiano também foi, em 1968, um dos responsáveis pela operação que no dia 12 de outubro dissolveu o 30º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) e prendeu centenas de estudantes em Ibiúna. Relatório sobre a Operação Ibiúna, assinado pelo delegado titular do Deops/SP Italo Ferrigno, assinala que as forças policiais paulistas sabiam desde o fim de setembro de 1968 que o congresso ocorreria na região. A ação repressiva propriamente dita (segunda fase) se realizou no dia 12 de outubro, quando noventa e cinco investigadores do Deops/SP participaram da ação coordenada pelos delegados José Paulo Bonchristiano (adjunto da Ordem Política) e Orlando Rozante (adjunto da Ordem Social), com a participação do 7o Batalhão de Caçadores da Força Pública, comandados pelo coronel Divo Barsoti e pelo delegado regional da Polícia de Sorocaba, Guilherme Viesi. As forças policiais invadiram o sítio Murundu – local da realização do congresso – e efetuaram a prisão de 693 estudantes, que não resistiram. O então governador de São Paulo, Abreu Sodré, expressou naquela oportunidade a sua satisfação com o resultado da ação repressiva. Sobre a repressão ao Congresso, o delegado Bonchristiano destaca ainda a existência dos informantes: alunas de cursos universitários que começaram a comunicar certa movimentação de estudantes, sendo uma delas a “Maçã Dourada” que forneceu informações sobre José Dirceu, importante liderança daquele congresso. Sobre os informantes, Bonchristiano disse que o Deops/SP tinha inúmeros outros e que, como contrapartida, eles recebiam dinheiro ou presentes, ou, em alguns casos, apenas o direito de serem imediatamente liberados quando presos em manifestações ou atividades ligadas à militância. Por fim, também em depoimento à CNV, Bonchristiano contou que Fleury tinha 40 investigadores à sua disposição, além de três delegados assistentes. “Quando precisavam agir fora de São Paulo, não se registravam atritos no sistema repressivo para efetuar prisões em outros estados do Brasil”. Com o mesmo objetivo, disse Bonchristiano, eles “viajavam muito por países da América do Sul, como Argentina, Chile e até Peru”. Nessas conexões, Bonchristiano confirma que os agentes contavam com o apoio de empresas como a Viação Aérea Rio Grandense (Varig) e a Viação Aérea de São Paulo (Vasp) para o transporte. Em 1983 estava lotado na Delegacia Seccional Sul e, junto com o delegado José Wilson Richetti, era um dos defensores dos Rondões e das Operações Limpezas realizadas na cidade ao longo da década de 1980, cujo objetivo eram as prisões em massa, sob pretexto de averiguação.