Leônidas Pires Gonçalves
Nome completo
Leônidas Pires Gonçalves
Cronologia
1921-2015
Gênero
Masculino
Perfil histórico
Instâncias da atuação na repressão
Gestão de estrutura utilizada pela repressão | Político-institucional
Perfil de Atuação
Biografia
General de Exército. Na década de 1950 foi instrutor na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) e em 1962 fez curso e estágio de guerra e anticomunismo. Na ocasião do golpe de 1964 servia no Estado-Maior do Exército sob o comando de general Castello Branco. Imediatamente após o golpe, Leônidas foi transferido, como chefe da 3ª Seção, para a 1ª Divisão de Infantaria do Quartel General da Vila Militar, no Rio de Janeiro. Serviu também no Gabinete Militar da Presidência da República, foi adido militar junto à embaixada do Brasil na Colômbia entre 1964 e 1966. Em 1967 iniciou curso de atualização da ECEME, assumindo funções de instrutor nessa escola. Entre 1974 e 1978 foi chefe do Estado-Maior do I Exército, período em que foi responsável pela chefia do Centro de Operações de Defesa Interna (CODI) e por ações no âmbito da Operação Radar, realizada contra o Partido Comunista Brasileiro (PCB). Além disso, participou do episódio que ficou conhecido como Massacre da Casa da Lapa, realizado contra a cúpula dirigente do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Em 1980 passou a comandante militar da Amazônia e da 12ª Região Militar, sendo, no ano seguinte, nomeado como vice-chefe do Estado-Maior do Exército. Chegou a ser considerado provável candidato à sucessão do general Figueiredo na presidência da República, mas, ao assumir o cargo de secretário de Economia e Finanças do Ministério do Exército, declarou que a democracia “é uma tarefa sem fim e um objetivo da Revolução de março de 1964”, e que tinha um compromisso com a abertura política. Em 1983, tornou-se comandante do III Exército, em Porto Alegre. Na redemocratização, Leônidas tomou posse como ministro do Exército no governo de José Sarney (1985-1990). E, já em agosto de 1985, solidarizou-se com o adido militar no Uruguai, coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, acusado pela ex-militante e então deputada federal, Bete Mendes de ter sido seu torturador nas dependências do DOI-CODI/SP. No fim do ano de 1985, declarou-se contrário à realização de eleições diretas no ano seguinte e, em julho de 1986, foi denunciado à Consultoria-Geral da República e ao Conselho dos Diretos da Pessoa Humana por não conceder anistia irrestrita aos sargentos afastados pelo golpe de 1964, como determinava a emenda constitucional que convocou a Assembleia Nacional Constituinte. Em setembro de 1986, foi transferido para a reserva, continuando, no entanto, no exercício das funções de ministro do Exército. Voltou à cena pública em 2000, quando o site de um grupo civil-militar de extrema direita começou a publicar, sem indicações de fonte, trechos do que seria um “livro” escrito entre 1986 e 1987 pelo Centro de Informações do Exército (CIE), a pedido do então ministro Leônidas Pires Gonçalves. A obra, conhecida por Orvil, foi organizada a partir do arquivo do CIE e continha informações sobre as atividades dos “subversivos” brasileiros desde a década de 1920 e as operações da luta armada durante o regime militar. Cópias do material circularam pelo Alto-Comando do Exército. Em entrevistas realizadas por ocasião da divulgação do Orvil pelo jornalista Lucas Figueiredo, em 2007, Leônidas declarou que a obra seria apenas um “registro histórico” das atividades do órgão, a ser utilizado caso houvesse necessidade de dar uma resposta ao que chamou de “revanchismo sem propósito” contra as forças armadas. O general desmentiu também as afirmações de que os arquivos do CIE foram destruídos, conforme alegava o Exército. No entanto, disse que não tinha a obrigação de mostrar o livro a ninguém, pois “isso é passado”. O livro foi disponibilizado na internet por um site civil-militar de extrema direita. Em 1992 prestou depoimento ao CPDOC da Fundação Getúlio Vargas sobre a memória militar acerca do período de 1964-85. Falecido em 2015, em suas últimas declarações públicas, Leônidas defendeu o “legado” do golpe de 1964 e criticou a Comissão Nacional da Verdade.