Roberto Cietto
Nome completo
Roberto Cietto
Cronologia
1936-1969
Gênero
Masculino
Perfil histórico
Perfil de Atuação
Assuntos: Organizações
Biografia
Nascido em Pederneira, no estado de São Paulo, Roberto Cietto cumpria pena como preso comum na penitenciária Lemos de Brito, quando iniciou sua militância política. Sua adesão ao movimento de resistência à ditadura militar ocorreu após estabelecer contato com presos políticos encarcerados no mesmo presídio. Saiu da prisão em uma fuga, em maio de 1969, realizada com um grupo composto pelos ex-marinheiros Avelino Capitani, José Duarte e Marco Antônio da Silva Lima, e também o ex-sargento da Aeronáutica, Antônio de Paula Prestes, entre outros. Fora da prisão, formaram uma nova organização guerrilheira denominada Movimento de Ação Revolucionária (MAR). Inicialmente, o grupo se alojou nas proximidades da cidade de Angra dos Reis/RJ onde realizou treinamentos de guerrilha. Em seguida, passaram a viver na cidade do Rio de Janeiro, onde, de acordo com os órgãos da repressão, Roberto teria participado de ações armadas. Roberto Cietto foi preso no dia 4 de setembro de 1969, quando passava diante da casa do embaixador dos Estados Unidos, Charles Burke Elbrick, que acabara de ser sequestrado. Reconhecido por agentes do aparato repressivo e levado para o PIC no 1º BPE, foi morto, sob tortura, no mesmo dia. De acordo com a versão apresentada por órgãos do Estado, Roberto Cietto teria se suicidado nas dependências do 1º BPE. Conforme consta no Termo de Inquirição de Testemunhas do dia 19 de setembro de 1969, o soldado Marçal Veneri afirma que estava realizando a guarda no dia da ocorrência e que, no momento em que foi verificar as celas, Roberto estava vivo. Além disso, declarou que não percebeu ninguém entrando na cela. No entanto, ao realizar nova ronda, percebeu que algo havia acontecido. Ao chegar próximo à cela de Roberto, notou que ele se encontrava imóvel atrás do banheiro. O soldado alegou ter chamado o sargento Valdomiro Koroll e mais um soldado sentinela e, juntos, teriam visto, através das grades, que Roberto encontrava-se imóvel. Ao entrar na cela teriam confirmado que ele se encontrava enforcado, com um cadarço e um pedaço de pano amarrado ao registro do banheiro. O corpo de Roberto Cietto deu entrada no Instituto Médico-Legal (IML) no dia 4 de setembro de 1969. Foi necropsiado pelos médicos Elias Freitas e João Guilherme Figueiredo e o laudo reforça a versão de que Roberto teria se enforcado. Ainda de acordo com o laudo, ele teria sido encontrado no banheiro da cela da Polícia do Exército (PE) em “suspensão parcial”, “sentado no piso”, posições que, de acordo com os órgãos da repressão, representariam o suposto suicídio. Tomando o caso de Roberto Cietto como exemplo, o coronel Luiz Helvécio da Silveira Leite declarou ao jornalista Elio Gaspari que a simulação de suicídio era um expediente utilizado no Batalhão da Polícia do Exército para encobrir as mortes provocadas pela tortura. Investigações posteriores passaram a questionar a versão inicial e o parecer dos médicos legistas, já que as fotos e o laudo de perícia do local da morte encontrados no IML, pelo Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro (GTNMRJ), revelaram que o corpo de Roberto Cietto apresentava escoriações ignoradas no relatório dos médicos, tais como hematomas na pálpebra direita, braço direito e perna esquerda, o que indica que ele foi submetido à tortura. Além disso, a análise do material fotográfico mostra que não era possível Roberto se enforcar na posição em que os agentes de segurança o teriam encontrado. Além dessas evidências, em entrevista à revista Veja, em 3 de novembro de 1999, o coronel do Exército, Élber de Mello Henriques, confirmou que Cietto havia sido torturado no quartel da Polícia do Exército. Segundo declarou, teria visto Roberto pendurado em um “pau de arara”, em estado de evidente sofrimento. Roberto Cietto foi enterrado como indigente no Cemitério de Santa Cruz, no Rio de Janeiro.
Cárceres
Assuntos: Eventos
Assuntos: Lugares
Assuntos Temáticos
AGENTES DA REPRESSÃO | DITADURA CIVIL - MILITAR NO BRASIL | HISTÓRIA DO BRASIL | JUSTIÇA DE TRANSIÇÃO | MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS | ORGANIZAÇÕES E PARTIDOS POLÍTICOS > MOVIMENTO DE AÇÃO REVOLUCIONÁRIA | ORGANIZAÇÕES E PARTIDOS POLÍTICOS | ÓRGÃOS DE REPRESSÃO POLÍTICA | UNIDADES DE DETENÇÃO E TORTURA | VIOLAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS