Resumo da entrevista
Os entrevistados narraram suas experiências enquanto resistentes na luta contra a repressão imposta pela ditadura civil-militar. Raphael Martinelli esteve preso no Deops/SP no ano de 1955 e em abril de 1970 e José Paiva em junho de 1969. De acordo com a proposta da entrevista, ambos deram destaque ao período em que estiveram no Deops/SP na condição de presos políticos. Mediante o foco da abordagem, a entrevista se pautou no sentido de promover um resgate do âmbito estrutural do ambiente prisional do extinto Deops/SP. A equipe técnica do Memorial da Resistência apresentou aos entrevistados uma série de fotografias do espaço referentes à década de 1990, antes do prédio sofrer reformas mais drásticas. O recurso foi utilizado como gatilho memorial para a elaboração da reconstrução parcial do trajeto percorrido por cada um dos entrevistados dentro da prisão, a fim de relembrar os usos dos espaços internos da delegacia. Relataram ainda aspectos ligados ao sistema de convivência produzido entre os internos, que se pautava por uma lógica solidária, e abordaram a dinâmica desenvolvida entre os carcereiros e os detentos em seu convívio cotidiano. O caráter reconstitutivo da análise colaborou, portanto, no sentido de compreender melhor a rotina estabelecida no cárcere e os aspectos físicos do prédio. Discorreram ainda sobre a questão da tortura como prática recorrente, compartilhando suas experiências pessoais neste quesito e experiências alheias neste âmbito que puderam presenciar.
