Resumo da entrevista
Em seu testemunho, Márcia relatou seu envolvimento com as discussões políticas quando ainda cursava o ensino médio no colégio Alberto Levy, que à época constituía um centro acadêmico de posições políticas contestatórias. Em 1976 ao ingressar na USP como estudante de História, aderiu ao Movimento Estudantil engajando-se diretamente com resistência política contra a ditadura civil-militar. Neste contexto, foi apresentada à Liga Operária, organização de esquerda que integrava o Movimento Estudantil e o Movimento Operário e que tinha uma proposta de militância inserida. Convocada pela organização para cumprir uma frente de trabalho de conscientização política junto à classe operária do ABC Paulista, Márcia desligou-se da Universidade para dedicar-se integralmente à militância, proletarizando-se em uma fábrica. No dia 1º de maio de 1977, Márcia e outros dois companheiros preparavam-se para uma ação panfletária em São Bernardo do Campo, quando foram presos e encaminhados ao Deops/SP. Márcia permaneceu presa neste estabelecimento por dois meses, sendo regularmente interrogada e torturada até ser transferida para o Carandiru, onde ficou presa por mais dois meses. Após a soltura e julgamento na Auditoria Militar, retomou a militância ao lado de seu companheiro no Rio de Janeiro, colaborando com a organização até a formação da Convergência Socialista, em meados de 1980. Concluiu seu testemunho, refletindo sobre os impactos da prisão em sua vida e as marcas deixadas pela experiência de luta e resistência política, sobretudo na esfera da maternidade e na condição de mulher.
