Dados gerais
Autor
Silva, Vagner Gonçalves da
Título
Terreiros tombados em São Paulo
Ano de publicação
2021
Resumo
São Paulo é o estado brasileiro que possui a maior população negra do país em números absolutos. Entretanto, por conta de um certo imaginário decorrente da migração europeia, da modernização e do suposto cosmopolitismo de suas cidades, a cultura negra local não desfruta da mesma visibilidade que possui em outros estados e cidades do nordeste, por exemplo. No território paulista, porém, essa presença negra existe e insiste. Está no samba rural e urbano, no carnaval,
na capoeira, nos bailes blacks, na produção literária e arquitetônica, nas artes plásticas, no cotidiano dos bairros centrais e periféricos, na cultura de rua do rap e das batalhas de poesia, na militância dos movimentos negros, entre tantas outras formas de ser e de lutar pelo direito à vida com igualdade de oportunidades.
Entre essas presenças estão as comunidades religiosas afro-paulistas, imprescindíveis vetores de africanidades que há décadas vêm se mantendo contra os inúmeros fatores que desafi am sua reprodução no ambiente urbano:
especulação imobiliária, ausência crescente de espaços de culto na natureza, ameaças ao espólio material religioso nos casos de falecimento das lideranças
sacerdotais e o recrudescimento da intolerância e racismo religiosos. Uma das estratégias de luta dos terreiros tem sido a inclusão de seus valores civilizatórios entre os bens listados pelos órgãos de patrimonialização do estado que, devido a um viés eurocêntrico, tendem a não os contemplar. De fato, o primeiro tombamento de um terreiro paulista ocorreu em 1990, e somente em 2019
outras seis comunidades obtiveram esse reconhecimento pelo Conselho
de Defesa do Patrimônio Histórico, Arquitetônico, Artístico e Turístico
(Condephaat), órgão pertencente à atual Secretaria de Cultura e Economia
Criativa do Estado de São Paulo. Este livro registra o esforço dessas
comunidades pelo reconhecimento de seus legados culturais. Os capítulos que
o constituem abordam principalmente os laudos antropológicos elaborados
para sustentar os processos de tombamento e registro de bem
imaterial. Para a confecção desses laudos, utilizou-se uma metodologia
antropológica que considera aspectos históricos e culturais da formação
dessas comunidades, como memória e historicidade, a inserção do terreiro
na cidade, organização socioespacial associada à arquitetura sagrada dos
templos e altares, práticas religiosas, estrutura dos rituais e festivais
públicos, formas de acolhimento e um ensaio fotográfi co.
Esperamos que esses registros históricos possam ser representativos
da presença e importância do povo de axé em São Paulo e de sua luta
cotidiana por existir e levar adiante o legado tradicional negro-africano.
Até mesmo porque, quando o Estado reconhece um terreiro como bem
cultural e tomba suas edifi cações e altares, ele indica ofi cialmente a
importância desses monumentos para a cultura brasileira, mas quem
continuará a “dar de comer à cumeeira” será sempre a comunidade cujo
protagonismo tem sido a garantia de sua existência ao longo dos séculos
de repressão.
Exemplares
Localização
299.673 S586t
Disponibilidade
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