Resumo da entrevista
A coleta pública foi aberta com a fala de Belisário dos Santos Junior que, na década de 1970, atuou como advogado de presos políticos e, após a redemocratização, trabalhando na Secretaria de Justiça, se envolveu diretamente na luta pelo tombamento do edifício que abrigou o extinto Deops/SP. Segundo relatou, foi a partir da criação do Programa Estadual de Direitos Humanos que se encaminhou a solicitação para que o edifício fosse então destinado à Secretaria de Estado da Cultura para instalação de um espaço cultural dedicado aos temas da Cidadania e dos Direitos Humanos. Neste contexto, relembrou também a realização da peça Lembrar é Resistir, considerada um marco do processo de transferência do prédio para a Cultura. Na sequência, Izaías Almada falou sobre sua aproximação com os ideais de esquerda, descrevendo sua trajetória de militância e processos de prisão ocorridos em 1968 e 1969. Falou ainda sobre sua participação como roteirista e diretor de Lembrar é Resistir, relembrando os impactos causados no público e a experiência dos bastidores. Encerrando o ciclo de falas, a historiadora Deborah Neves falou, com base em sua pesquisa de mestrado, sobre o processo de tombamento do edifício que abrigou o extinto Deops/SP e a importância dessa ação para a preservação da memória política. Em sua argumentação, problematizou a questão do apagamento dos vestígios desta ocupação após a reforma realizada no prédio e concluiu afirmando que processos de higienização, como o que fora realizado no local, interferem diretamente na compreensão do edifício como um documento histórico.
