Entrevista com Maria Cristina Calixto

Resumo da entrevista

A entrevistada começa a entrevista relatando algumas lembranças da sua infância em São José do Rio Preto. Relata os pormenores da sua mudança para São Paulo, onde morou no Copan, com sua mãe e suas duas irmãs. Descreve o cotidiano no Copan. Relata suas percepções sobre as mudanças urbanas em São Paulo durante a década de 1970, sobretudo a construção da Praça Rosevelt. Relata a discriminação sofrida por sua mãe, por ser uma mulher desquitada nos anos 1960 e 1970. Narra a vida profissional de sua mãe, assim como o seu envolvimento com a política e a cena artística de São Paulo. Relata a perseguição que sofreu na vida escolar por não se enquadrar em uma performance de gênero feminino socialmente esperada. Relata os desafios de sua mãe para acompanhar as mudanças no seu comportamento durante a adolescência. Narra quem eram suas referências de mulheridades, assim como sobre homossexualidade e lesbianidade. Relata a sua relação com diferentes termos utilizados na década de 1970 para referir-se a mulheres lésbicas. Relata a perseguição sofrida por ativistas feminista em eventos, como, por exemplo, o Segundo Congresso da Mulher Paulista, realizado na PUC-SP, em 1980. Aponta os debates que aconteceram neste evento, e sua relação com a luta pelos direitos de grupos minoritários (mulheres, negros, homossexuais). A entrevistada narra a presença da polícia em espaços de sociabilidade de mulheres lésbicas e um episódio quando foi presa pelo DEIC, em 1980. Aponta os espaços que frequentava entre o final da década de 1970 e início dos anos 1980 - Dinossauros, Moustache, Cachação e Ferro’s Bar – e as diferenças entre eles. Narra um episódio em que treinou basquete em uma quadra localizada no interior do prédio do Deops/SP. Relata a sua participação em reuniões promovidas pelo Somos: Grupo de Afirmação Homossexual, que resultou na decisão junto com Marisa Fernandes, Miriam Martinho e Maria Teresa Aarão de promover encontros para lésbicas e na formação do Grupo de Ação Lésbico Feminista (GALF). Narra as primeiras ações difundir o GALF e atrair mais mulheres interessadas em participar e como tornar-se uma militante afetou sua vida afetiva. Analisa as representações produzidas pela imprensa no final dos anos 1970 e início dos anos 1980 sobre as lésbicas. Relata a importância da fotografia em sua vida nesse contexto e como se tornou fotojornalista e fotógrafa do jornal Lampião da Esquina. Narra sua amizade com uma artista transformista da Medieval e como era a casa noturna. Como resultado da sua militância e do seu trabalho no Lampião, fotografa eventos públicos realizados pelo movimento feminista e pelo Movimento Homossexual Brasileiro. A entrevistada analisa então episódios com a polícia enquanto trabalhava como fotógrafa. Analisa os conflitos com o machismo entre os militantes de esquerda. Relata suas primeiras referências sobre a epidemia de HIV/Aids e relembra algumas mulheres que conheceu e que viviam com HIV/Aids. Na década de 1990, a entrevistada muda-se para Bertioga, retornando para São Paulo em 2000. Relembra algumas mulheres que foram pioneiras no movimento lésbico no Brasil. Ao final da entrevista, analisa a importância de compartilhar sua história e suas memórias.