Resumo da entrevista
A entrevistada narrou sua experiência de militância política atrelada à luta pela causa operária em oposição à ditadura civil-militar no Brasil e à estrutura sindical opressora. A partir do engajamento em movimentos sociais e populares liderados pelo Movimento de Evangelização, Maria José consolidou uma trajetória de luta e resistência com foco na Zona Leste de São Paulo, em favor da organização dos trabalhadores e da conscientização de classe. Sobre a influência de algumas figuras políticas em sua vida, destacou a ação de Dom Hélder Câmara em Pernambuco e do líder sindicalista Damião Calixto Trajano em São Paulo. Segundo a entrevistada, a década de 1970 representou uma importante fase de emancipação nas formas de organização dos trabalhadores com as lutas operárias se intensificando em todo o país em resposta à crescente repressão nas portas de fábricas. Sua militância política, exercida ao longo de toda sua trajetória profissional como metalúrgica, acarretou em uma intensa perseguição política que perdurou por mais de vinte anos, com ênfase no período da ditadura, quando em 1979 chegou a ser detida pelo Deops/SP por duas vezes. A respeito destes eventos, retomou a sensação de medo e vulnerabilidade ao ver-se nas mãos da famigerada equipe do Deops/SP, responsável pela prisão e tortura de tantos companheiros próximos. No entanto, Maria José não se considera uma ex-presa política, pois não chegou a ser fichada e nem interrogada tendo permanecido apenas algumas horas sob vigília policial. Por fim, refletiu sobre os aprendizados obtidos através de sua história de lutas coletivas e a importância do registro dos testemunhos como forma de incentivar as próximas gerações a darem continuidade em lutas positivas de transformação social.
