Com direção de Luíz Fernando Marques, o espetáculo Jango Jezebel: Onde estavam as Travestis na Ditadura?, do Outro Grupo de Teatro, teve sua temporada de estreia nos dias 19, 20, 26 e 27 de agosto de 2022 no Memorial da Resistência de São Paulo.
A pesquisa artística que deu origem ao espetáculo vem sendo desenvolvida desde 2019 e teve como disparador um famoso artigo da artista e transfeminista Helena Vieira, publicado em 2015, que se debruça sobre os dados da Comissão Nacional da Verdade.
A pesquisadora apurou casos de violações aos Direitos Humanos entre 1946 e 1988. “Mas o documento falava apenas das homossexualidades e, por isso, não parecia que existiam travestis, é como se fossem todos homossexuais”, explica Helena.
Helena Vieira, Noá Bonoba e Tavares Neto dividem a cena transitando entre o resgate daquilo que se tem em registros históricos e a reescrita da história a partir de elaborações que partem de um incômodo: “Quem são os heróis da resistência à Ditadura?” A gente aprendeu a lembrar imediatamente de nomes como Vladimir Herzog, Frei Tito e Carlos Marighella, que são personagens de relevância inquestionável. Mas e os corpos LGBTs? E as travestis?
A estreia acontece no Memorial da Resistência, cujo edifício sediou, por mais de quatro décadas, o Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo — Deops/SP, umas das polícias políticas mais truculentas da história do país. O espetáculo se utiliza do antigo espaço carcerário do Deops/SP como parte constituinte de sua dramaturgia.
As apresentações integraram a programação Ocupações Memorial, projeto desenvolvido pelo Memorial da Resistência que articula diálogos transdisciplinares sobre a memória dos períodos autoritários no país e suas reverberações no presente no espaço expositivo do museu.
Jango Jezebel – Onde Estavam as Travestis na Ditadura? é uma realização do Outro Grupo de Teatro, e produção da PAJUBÁ, Diversidade em Rede.