Dados gerais
Nome completo
Zuleika Angel Jones
Cronologia
1923-1976
Gênero
Feminino
Codinome
Zuzu Angel
Perfil histórico
Familiares de mortos e desaparecidos políticos | Mortos e desaparecidos políticos | Perseguidos políticos
Profissão
Biografia
Nascida em Curvelo (MG), Zuleika Angel Jones partiu para o Rio de Janeiro nos anos 1950, onde passou a dedicar-se profissionalmente à costura. Suas criações como estilista alcançaram grande reconhecimento internacional e tornou-se conhecida como Zuzu Angel. No início da década de 1970, a vida de Zuzu Angel sofreu uma reviravolta. Em 14 de maio de 1971, seu filho Stuart Angel Jones, perseguido por sua militância política no MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro), foi sequestrado e nunca mais visto. No decorrer da busca por informações do paradeiro de seu filho, Zuzu recebeu o relato de pessoas que testemunharam a prisão, tortura e morte de Stuart Angel na Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, e passou a denunciar, no Brasil e no exterior, as circunstâncias de prisão, tortura, morte e a ocultação do corpo de seu filho. Durante os cinco anos subsequentes, usou da projeção alcançada por seus trabalhos no exterior e seus desfiles de moda em outros países para fazer com que as denúncias chegassem à imprensa estrangeira. Todas as iniciativas de Zuzu contribuíram para o desgaste da imagem internacional da ditadura brasileira, o que causava incômodo nos meios governamentais. Suas viagens eram monitoradas pelos órgãos de informações. Em 1975, ao começar a receber ameaças de morte, Zuzu escreveu uma carta denunciando as ameaças e os autores caso algo ocorresse. Cerca de um ano depois, Zuzu faleceu, aos 53 anos de idade, vítima de grave acidente automobilístico. A versão divulgada à época foi a de que o carro de Zuleika Angel Jones teria saído da pista, colidido com a proteção do viaduto Mestre Manuel e capotado várias vezes em um barranco. A certidão de óbito, assinada pelo médico Higino de Carvalho Hércules, confirmou a versão do acidente e atestou como causa da morte uma “fratura do crânio com hemorragia subdural e laceração cervical”. Chegou-se a cogitar que a estilista tivesse ingerido bebida alcoólica e, por isso, perdido o controle do veículo; fadiga da motorista, que poderia ter adormecido no volante; e problemas mecânicos, que poderiam ser a causa do acidente, mas esses fatos não se comprovaram. A partir da análise forense realizada no corpo de Zuzu em 1996, e a reunião de testemunhos de Lourdes Lemos de Moraes, que comprovava a recente revisão do carro, e de Marcos Pires, que teria visto o acidente da janela de seu apartamento, situação em que descreveu que dois carros estavam emparelhados na saída do túnel Dois Irmãos quando um dos automóveis chocou-se com outro, que seria o de Zuzu Angel, provocando a colisão contra a proteção do viaduto e, logo em seguida, o carro despencou do barranco. A morte de Zuzu Angel foi considerada responsabilidade do Estado brasileiro. Uma das principais informações recolhidas pela Comissão Nacional da Verdade sobre o caso de Zuzu Angel está no depoimento do ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social do Espírito Santo (DOPS-ES), Cláudio Guerra, no qual o agente identificou a presença, em uma fotografia feita logo após o acidente, do coronel do Exército Freddie Perdigão Pereira, e afirmou ter ouvido do próprio Perdigão que ele havia participado do atentado que vitimou Zuzu Angel.
Nome do familiar morto e/ou desaparecido
Stuart Edgar Angel Jones | Sônia Maria de Moraes Angel Jones