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Memorial da Resistência
Largo General Osório, 66Santa Ifigênia, São Paulo, SPTelefone: 55 11 3335-5910Entrada GratuitaAberto de quarta a segunda (fechado às terças), das 10h às 18hfaleconosco@memorialdaresistenciasp.org.br
Título: Basílica de Nossa Senhora da Conceição e de Santa Ifigênia
Descrição: Localizada no centro histórico de São Paulo, a Basílica Nossa Senhora da Conceição e de Santa Ifigênia, de estilo neogótico, é mais conhecida como Igreja de Santa Ifigênia. Construída no espaço da antiga Capela Nossa Senhora da Conceição, de 1720, a edificação da nova igreja foi finalizada em 1913. Como outros templos, ela serviu como espaço de articulação de movimentos sociais ao longo do tempo, seja através das organizações militantes que relacionavam ação política e fé, seja pela cessão solidária do espaço religioso para encontros. Durante a ditadura, os encontros marcados dentro das Igrejas eram comuns por serem estes espaços públicos mais seguros, devido tanto à circulação de pessoas, quanto à proteção simbólica conferida pela sacralidade. Esses fatores, entretanto, nem sempre puderam ser garantia de proteção. A igreja de Santa Ifigênia foi utilizada para algumas reuniões por militantes do Movimento Popular de Libertação (MPL), grupo criado em 1966, com atuação até o início dos anos 1970.
Título: Basílica Nossa Senhora da Penha
Descrição: Construída no século XVII, a Igreja Nossa Senhora da Penha de França é um importante referencial da Penha, bairro operário que está entre os mais antigos de São Paulo. No final dos anos de 1950, foi construída a Basílica para abrigar a imagem preservada da santa. Ao longo de sua história, a igreja desempenhou um importante papel de articulação popular, que se manteve durante a ditadura, quando foi utilizada para reuniões por movimentos de resistência. Em 1977, cerca de 5 mil pessoas se reuniram na Basílica para denunciar a perseguição à Igreja progressista. O ato contou com a participação de representantes das famílias de presos e desaparecidos, operários, entidades religiosas, diretórios acadêmicos, do pastor Jaime Wright e de membros da Comissão de Justiça e Paz. Foi coordenado pela Comissão Arquidiocesana dos Direitos Humanos e dos Marginalizados, projeto pastoral criado por Dom Paulo Evaristo Arns e vinculado ao Comitê de Defesa dos Direitos Humanos para os Países do Cone Sul – CLAMOR.
Título: Catedral da Sé
Descrição: Em 1954, a Catedral da Sé, ou Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Assunção de São Paulo, foi inaugurada tornando-se, rapidamente, o principal espaço religioso da cidade. Durante a ditadura, desempenhou importante papel de apoio à resistência, principalmente a partir de 1970, com a nomeação de Dom Paulo Evaristo Arns como Arcebispo (e Cardeal em 1973). Com ele, a Catedral atuou na proteção de opositores políticos e de movimentos sociais, assim como na articulação e sustentação política às ações solidárias de bispos e párocos da cidade. Entre as inúmeras atividades em que a Catedral esteve envolvida, podemos citar: a celebração de missas em memória de vítimas - como o estudante Alexandre Vannuchi, o jornalista Vladimir Herzog, o operário Santo Dias, e o dominicano Frei Tito de Alencar -, o apoio às primeiras reuniões e buscas de familiares de desaparecidos políticos, a criação da Comissão de Justiça e Paz, e a participação no projeto Brasil Nunca Mais, primeira iniciativa de apuração sistemática das violações de direitos humanos cometidas no período.
Título: Convento Beneditino
Descrição: No século XVII é instalado em Santos o Mosteiro de São Bento. Na década de 1940, quando o Brasil adere à 2ª Guerra Mundial, o mosteiro é fechado por contar com alemães entre os religiosos. Expulsos da cidade, os monges se dirigem para São Paulo, instalando-se, em 1948, na fazenda Bela Vista, localizada em terras que seriam futuramente da cidade de Vinhedo. Em 03 de agosto de 1967, na Casa de Retiros do Mosteiro, foi realizado o 29º Congresso da UNE, entidade de representação estudantil declarada ilegal em 1964, logo após o golpe civil-militar. O fortalecimento do vínculo da UNE com organizações religiosas de caráter leigo, como a Ação Popular (AP) por exemplo, aproximou religiosos (de diferentes ordens) dos estudantes engajados na luta contra a ditadura. O 29º Congresso ocorreu tranquilamente, mas dias depois, onze religiosos foram detidos pela repressão, inclusive o prior do Mosteiro. Na década de 1970, parte da fazenda foi vendida e, na mesma época, foi construída a atual sede do Mosteiro. A antiga fazenda, que já não pertence aos beneditinos, atualmente encontra-se bastante descaracterizada e a Casa de Retiros em ruínas.
Título: Convento dos Dominicanos
Descrição: O Convento Santo Alberto Magno foi fundado pela Ordem Dominicana, em 1938. Desde 1950, a trajetória progressista de religiosos ali estabelecidos vinha tornando o convento um espaço de aglutinação de uma comunidade leiga composta por estudantes e intelectuais católicos próximos da ala progressista da Igreja. Reuniões, missas, cursos e outras atividades no convento ou espaços a ele ligados, como a livraria Duas Cidades, resultaram em iniciativas importantes, como o jornal Brasil Urgente, censurado após o golpe de 1964. Na ditadura, os dominicanos demonstraram, além dessa sintonia com as causas sociais, uma disposição para enfrentar as violações aos direitos humanos, apoiar os perseguidos e participar dos movimentos de resistência. Essa mobilização colocou o convento na rota de vigilância da repressão, resultando na prisão e tortura de um grupo de jovens dominicanos ligados à Ação Libertadora Nacional (ALN). Um deles, Frei Tito, banido do Brasil e atormentado pelo trauma, veio a cometer suicídio.
Título: Igreja do Santíssimo Sacramento
Descrição: Fundada em 1960, a Igreja do Santíssimo Sacramento teve seu templo atual inaugurado em 1970. Localizada nas proximidades do DOI-Codi do 2º Exército, na Rua Tutóia, a Igreja realizou, durante a ditadura, uma série de missas encomendadas pelo Comando do II Exército em datas comemorativas do regime, tais como missas em homenagem ao aniversário do golpe, ou em homenagem às vítimas da Intentona Comunista de 1935. Realizou ainda em memória de militares, como a de sétimo dia do general Vicente de Paulo Dale Coutinho, em 1974. Entre as ações de colaboração com o regime, a Igreja também ofereceu seu salão paroquial e sua estrutura de salas de aula para acolher o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral), programa de alfabetização funcional de adultos instituído, em 1970, pelo ditador Emílio Garrastazu Médici.
Título: Igreja Matriz de Santo Amaro
Descrição: Inaugurada como Igreja Matriz, em 1924, a Catedral faz parte do Eixo Histórico de Santo Amaro, um conjunto de bens tombados no ano de 2002 pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental. Como uma das principais regiões industriais do estado de São Paulo, Santo Amaro viveu intensamente os processos de ascensão dos movimentos sindical e popular, nos anos finais da ditadura. Nesse contexto, ainda fortemente repressivo, o apoio das autoridades progressistas da igreja católica e o envolvimento de militantes que frequentavam as Comunidades Eclesiais de Base e as Pastorais Operárias foram fundamentais para a articulação da Oposição Sindical e das greves operárias. Em 1979, durante a greve geral dos metalúrgicos, a catedral abriu suas portas para a realização de assembleias e reuniões do Comando de Greve. Ato de solidariedade muito importante após a repressão fechar as sedes dos sindicatos.
Título: Igreja Matriz São Bernardo do Campo – Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem
Descrição: Em 1962, na paróquia Nossa Senhora da Conceição da Boa Viagem, foi inaugurada a Igreja Matriz de São Bernardo, ligada à Diocese de Santo André. Seu reconhecimento como lugar de memória recupera o papel cumprido pela Igreja na região junto aos movimentos sociais, sobretudo na ditadura civil-militar. Seguindo o Concílio Vaticano II, parte do clero local empenhou-se na formação de Comunidades Eclesiais de Base que, junto a outros núcleos pastorais, foram centrais na preservação de laços comunitários e de lutas por direitos e infraestrutura nos bairros. Como parte das iniciativas que mantiveram operários ativos durante os períodos mais repressivos do regime, essas ações tiveram importância na articulação das greves que sacudiram o ABC a partir de 1978. Durante elas, a Matriz articulou uma rede de solidariedade em torno do movimento sob as lideranças do Pároco Adelino de Carli e do Bispo Dom Cláudio Hummes, que acolheram grevistas, realizaram missas, atuaram em atos e piquetes, administraram o fundo de greve e enfrentaram diretamente a ditadura, quando preciso.
Título: Igreja Nossa Senhora da Consolação
Descrição: Edificada em 1799, a primeira Igreja da Consolação foi demolida no início do séc. XX para assumir o estilo românico-bizantino com projeto de Maximilian Hehl, também responsável pela Catedral da Sé. A obra foi iniciada em 1909, mas ficou pronta apenas em 1959. Ao longo de toda sua história, a Igreja atuou fortemente junto à comunidade fornecendo amparo espiritual, mas também acolheu a população em situações bem adversas, como durante a Revolução de 1924 quando alojou mais de 500 pessoas que ali receberam refeições e se protegeram dos bombardeios. Durante a ditadura, por sugestão do Cardeal de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, a Igreja da Consolação foi palco de um grande protesto que reuniu milhares de pessoas no velório de Santo Dias, operário assassinado pela polícia durante um piquete. Em procissão que seguiu até a Catedral da Sé, a população carregou o caixão de Santo Dias e faixas de “abaixo a ditadura”, gritando outras palavras de ordem contra a violência policial.
Título: Igreja Nossa Senhora da Paz
Descrição: No final da década de 1930, a construção da Igreja Nossa Senhora da Paz foi concebida pela comunidade italiana, sendo financiada pelas famílias mais abastadas. Instalada no bairro operário e imigrante do Glicério, a “Igreja da Paz” se caracterizou pela assistência social aos imigrantes (atualmente também aos refugiados) de diversas nacionalidades. Organizada nos anos 1970, essa assistência está vinculada à “Missão Paz”, obra da Congregação dos Missionários de São Carlos (Scalabrinianos). A missão é composta pelo Centro de Estudos Migratórios (CEM), o Centro Pastoral do Migrante (CPM) e a Casa do Migrante (CdM). Durante a ditadura, tal atividade não era bem vista, já que a lógica da Lei de Segurança Nacional, reproduzida no Estatuto do Estrangeiro de 1980, via no “estrangeiro” um provável subversivo. Além dessa atuação, a igreja também esteve entre as que, no final do regime, apoiaram o movimento operário, então em ascensão, cedendo seu espaço para a realização de assembleias de diversas categorias.
Título: Igreja Nossa Senhora de Fátima
Descrição: A Paróquia Nossa Senhora de Fátima começou a ser construída em 1953. Sua origem está vinculada à presença no bairro, desde 1948, das Missionárias da Consolata, com uma atuação pastoral e na área do ensino. Em 1979, nos anos finais da ditadura, a paróquia realizou uma importante manifestação de apoio à greve nacional de fome dos presos políticos em favor ao movimento pela Anistia Ampla Geral e Irrestrita. A greve de fome consistia na principal forma de manifestação utilizada pelas pessoas que se encontravam enclausuradas nas prisões políticas do país. No Brasil inteiro, presos políticos a utilizaram como recurso extremado de luta dentro do cárcere. A greve de 1979 foi um dos mais longos protestos desse tipo. Durou 32 dias e mobilizou militantes em penitenciárias de todo o país para se opor ao projeto governamental de anistia que excluía militantes condenados por praticar a luta armada. A campanha contou com o apoio público de artistas, intelectuais e diversos setores da sociedade.
Título: Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
Descrição: A Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, ligada à Diocese de Santo Amaro, foi construída em 1962. Tem origem na capela dedicada à Virgem do Socorro construída durante a formação do distrito. A partir de 1940, Santo Amaro recebe fábricas, despontando, nos anos finais da ditadura, como um dos principais polos industriais do estado. Em1979, durante a greve geral dos metalúrgicos, a “Capela do Socorro” foi um importante ponto de apoio, acolhendo reuniões e atividades. Mais do que episódico, esse apoio resultava da participação católica no movimento operário local, com muitos militantes que transitavam entre as Pastorais Operárias, Comunidades Eclesiais de Base e a Oposição Sindical Metalúrgica. Entre os acontecimentos críticos dessa greve está a invasão da igreja durante a repressão a um piquete. Bombas foram lançadas no interior, a Igreja foi violada, e os manifestantes ali refugiados foram agredidos, assim como o Frei. O evento provocou a manifestação de repúdio dos Bispos de São Paulo.