Entrevista com Ana Maria Ramos Estevão
Título
Entrevista com Ana Maria Ramos Estevão
Código da entrevista
C123
Entrevistados
Data da entrevista
24/03/2017
Resumo da entrevista
Em seu testemunho, Ana Maria abordou sua relação com a Igreja Metodista a partir de seu ingresso como estudante no Instituto Metodista da Chácara Flora, em 1966. Neste contexto desenvolveu a primeira fase de sua trajetória de militância, influenciada pelo contato com a literatura de esquerda e pela mobilização estudantil promovida pelos alunos do Instituto. Envolvidos pelo discurso da Teologia da Libertação e o pensamento cristão progressista, um grupo expressivo de estudantes metodistas se opuseram à ditadura, juntando-se às manifestações de rua. Segundo Ana Maria, estas ações extrapolavam os limites tolerados pela Igreja e por isso, em 1968, o Instituto foi fechado e os alunos envolvidos com a luta política foram expulsos da comunidade religiosa. Após este processo, Ana Maria ingressou no curso de Serviço Social. A partir daí, iniciou uma nova fase de sua militância política – agora ligada à Ação Libertadora Nacional (ALN). Como membro da organização, foi presa em 1970 por agentes da repressão que a conduziram ao DOI-Codi/SP. Um mês depois, foi transferida para o Deops/SP onde foi formalizada sua prisão. Concluiu sua pena no Presídio Tiradentes, somando aproximadamente nove meses de detenção. Além desta houve ainda outras duas prisões: em 1972 e em 1973, ambas com menor tempo de duração em relação à primeira. Ana Maria concluiu sua entrevista refletindo sobre a necessidade de uma autocrítica da esquerda em relação aos julgamentos que produz sobre aqueles que delataram companheiros sob tortura; e sobre a importância de que os envolvidos com a luta armada – independente do grau de envolvimento – assumam suas responsabilidades, evitando que julgamentos morais recaíam apenas sob as lideranças do período.
Lugares da memória mencionados
Auditoria da Justiça Militar | Teatro Popular União e Olho Vivo (TUOV) | Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) | Faculdade de Teologia da Universidade Metodista de São Paulo | Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) | Igreja Batista de Vila Mariana | Praça da Sé | Presídio Tiradentes | Deops/SP | DOI-Codi/SP | Instituto Metodista Chácara Flora
Eventos históricos mencionados
Manifestação de 1º de Maio na Praça da Sé | Fechamento do Instituto Metodista da Chácara Flora | Greve dos 300 mil | Greve na Faculdade de Teologia da Universidade Metodista de São Paulo | Execução de Márcio Leite de Toledo | Sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick | Assassinato de Eduardo Collen Leite Bacuri por agentes da repressão | Tentativa de sequestro do general Humberto de Souza Melo | Assalto ao banco na Rua Guaipá, Vila Leopoldina
Entrevistadores
Luiza Giandalia | Julia Gumieri
Duração (minutos)
86
Operador de câmera
André Oliveira
Local da entrevista
Memorial da Resistência de São Paulo, São Paulo/SP
Como citar
ESTEVÃO, Ana Maria Ramos. Entrevista sobre militância, resistência e repressão durante a ditadura civil-militar. Memorial da Resistência de São Paulo, entrevista concedida a Luiza Giandalia e Julia Gumieri em 24/03/2017.