Dados gerais
Título
Entrevista com Artur Machado Scavone
Código da entrevista
C090
Entrevistados
Data da entrevista
17/07/2014
Resumo da entrevista
Scavone iniciou sua militância em 1967 durante o Ensino Secundarista, envolvendo-se com o Movimento Estudantil e a UEE. Em 1969, como estudante de Física da USP, enfrentou o recrudescimento da repressão, elevando sua militância a um nível de maior comprometimento. Segundo análise do entrevistado, no contexto vivido, a politização era quase inevitável e o clima de repressão e violência cobrava da juventude um posicionamento claro. Assumiu primeiramente o comando estudantil da Ação Libertadora Nacional (ALN) e em 1970, como clandestino, passou a integrar ações de guerrilha urbana. Nesse sentido, refletiu os objetivos da luta armada e o aumento da violência em função da repercussão das ações na imprensa. Sua prisão se deu em 24 de fevereiro de 1972 como membro do Movimento de Libertação Popular (MOLIPO), organização a qual aderiu após desligar-se da ALN. Nesta ocasião, foi baleado por agentes da repressão e conduzido ao DOI-Codi/SP, onde permaneceu preso por nove meses. A respeito desta fase, descreveu os espaços internos do DOI-Codi/SP, a prática recorrente de tortura, relembrou os companheiros mortos e desaparecidos e os traumas decorrentes desta experiência. Ainda sobre o período de cárcere, relatou a vivência no Presídio Tiradentes com destaque para a intensa mobilização política entre os companheiros presos e as conquistas efetivadas após a greve de fome da qual participou. Sobre a ida para o Presídio do Barro Branco, relembrou o ambiente de descompressão política e a conquista de uma maior autonomia na gestão e organização da rotina. Quando finalmente seguiu para o Carandiru, após rápida passagem pelo Deops/SP, cumpriu sua pena que redundou em cinco anos de encarceramento. Após deixar a prisão, envolveu-se com o movimento pela anistia, passou a trabalhar como ilustrador em um jornal de oposição e filiou-se a partidos de esquerda. Concluiu, por fim, que o grande drama da juventude atual é não ter um paradigma ou um modelo de sociedade justo e igualitário para se pautar e falou sobre as consequências da não superação do ódio de classes no Brasil que legitimam o uso da violência e opressão e em diversos níveis e esferas da vida pública.
Entrevistadores
Karina Alves | Paula Salles
Duração (minutos)
138
Operador de câmera
André Oliveira
Local da entrevista
Memorial da Resistência de São Paulo, São Paulo/SP
Como citar
SCAVONE, Artur Machado. Entrevista sobre militância, resistência e repressão durante a ditadura civil-militar. Memorial da Resistência de São Paulo, entrevista concedida a Karina Alves e Paula Salles em 17/07/2014.