Entrevista com Belisário dos Santos Junior

Resumo da entrevista

Belisário traçou um quadro pedagógico dos Direitos Humanos composto pelos direitos civis, políticos e sociais imprescindíveis para o exercício de uma vida livre, digna e solidária, que, segundo o entrevistado, representam os pilares do ideal democrático. Em oposição a este conceito, definiu o caráter legislativo da ditadura, representado pelo Estado de exceção, que pressupõe a quebra ou a violação dos princípios universais dos Direitos Humanos, aplicado por um regime baseado na força. Nesse sentido, retomou o propósito da eliminação física das organizações de luta armada, comandado pelo General Ernesto Geisel. Nas palavras de Belisário, os advogados da resistência foram obrigados a “jogar com as regras”, criando mecanismos de improvisação que permitissem o cumprimento, ainda que parcial, de sua missão política. Para tanto, os advogados comprometidos com a causa, desenvolveram um sistema de trabalho pautado pela solidariedade entre colegas de profissão, presos e seus familiares. A ação dos advogados centrava-se na defesa pela dignidade dos presos políticos, denunciando a violação de princípios básicos de humanidade, uma vez que o regime descumpria a própria legislação vigente. Denunciou que a Justiça Militar consagrava os autos de exibição e apreensão e ignorava os autos de buscas - que envolviam ações regulares de sequestro, tortura, assassinato, roubo e outros delitos. Concluiu seu testemunho, afirmando que um dos maiores crimes cometido no século XX foi a repressão da memória e que, portanto, devemos encampar uma luta permanente em defesa da memória, verdade e justiça no país.