Dados gerais
Título
Entrevista coletiva com Bolivar Marinho Soares de Meirelles; Paulo Novaes Coutinho; Vicente Silvestre
Código da entrevista
C067
Entrevistados
Bolivar Marinho Soares de Meirelles | Paulo Novaes Coutinho | Vicente Silvestre
Data da entrevista
05/04/2014
Resumo da entrevista
Com caráter público e coletivo, os três testemunhos foram colhidos durante a Mesa de Testemunhos com Militares, realizada em um Sábado Resistente especialmente dedicado ao tema, em evento realizado pelo Memorial da Resistência de São Paulo em parceira com o Núcleo de Preservação da Memória Política e a Unesp. A mesa foi mediada pelo professor Paulo Cunha (Unesp/Marília), e contou com a participação de três militares aposentados que fizeram breves relatos sobre suas experiências de resistência e repressão vividas durante a ditadura civil-militar. O Coronel Reformado da Polícia Militar de São Paulo Vicente Silvestre, centrou seu relato na recomposição de sua trajetória política. Instigado pelas correntes nacionalistas que movimentaram o país no final dos anos 1940, sobretudo no decorrer da campanha “O Petróleo é nosso”, Silvestre iniciou sua militância com a entrada na antiga Guarda Civil de São Paulo, onde teve contato com uma célula do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Apesar dos conflitos vividos no interior da corporação já nos primeiros anos do golpe, sua carreira foi atingida apenas em 1975, no contexto de recrudescimento da perseguição ao PCB. Relatou então episódios relacionados à perseguição política, desde seu sequestro e tortura sofridos no DOI-Codi/SP à sua expulsão da Polícia Militar. Em seguida, falou o Coronel do Exército Bolívar Meirelles, que teceu considerações acerca de sua trajetória profissional em meio a reflexões sobre o ambiente político do país nas décadas de 1960 e 1970 e, como essa realidade se expressou na forma de disputas no interior das Forças Armadas. Falou sobre sua entrada no PCB e as formas de luta que o partido desenvolveu no decorrer da ditadura e finalizou tratando sobre a perversão do papel das Forças Armadas provocada pelo golpe de Estado. Por fim, o Capitão de Mar e Guerra, Paulo Coutinho, relatou sua trajetória de militância estabelecida tanto pela aproximação com o PCB, quanto pelas dificuldades enfrentadas pelos cabos e soldados no interior da Marinha. Coutinho descreveu o momento em que os direitos foram cerceados e passou então a haver um crescente questionamento do fato a partir da formação da Associação de Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil em 1962. Trouxe à tona episódios protagonizados por estes atores, como a chamada Revolta dos Marinheiros de março de 1964, que resultou em sua prisão e expulsão do Exército. Após relatar sua trajetória carcerária, sua libertação e participação na formação da Ação Libertadora Nacional (ALN), encerrou refletindo sobre a luta pela anistia política e a recuperação dos direitos dos militares cassados.
Entrevistadores
Paulo Cunha
Duração (minutos)
181
Operador de câmera
Sarah Piasentin
Local da entrevista
Memorial da Resistência de São Paulo, São Paulo/SP
Como citar
MEIRELLES, Bolívar Marinho Soares de; COUTINHO, Paulo Novaes; SILVESTRE, Vicente. Coleta Pública de Testemunhos sobre a resistência dos militares à ditadura civil-militar. Memorial da Resistência de São Paulo, entrevista concedida a Paulo Cunha em 05/04/2014