Dados gerais
Título
Entrevista com Carlos Strabeli
Código da entrevista
C132
Entrevistados
Data da entrevista
30/08/2017
Resumo da entrevista
Em entrevista, Carlos Strabeli falou sobre sua formação religiosa baseada inicialmente nos preceitos ditados pelo Vaticano. Anos mais tarde, interessado em uma nova leitura do catolicismo, aderiu à Teologia da Libertação, reinventando assim sua prática religiosa. Entre os anos de 1976 e 1979, Carlos atuou como presbítero na Igreja de São Miguel Paulista, identificada por ele como uma Igreja revolucionária e combativa e que, por isso, era frequentemente perseguida e vigiada pela repressão. Influenciado pela atuação de líderes como Dom Angélico Sândalo Bernardino e Dom Paulo Evaristo Arns, Carlos Strabeli, integrando a militância política ao seu ofício religioso, dedicou-se especialmente à Zona Leste de São Paulo e o enfrentamento de suas mazelas sociais. Neste contexto, destacou a importância dos Centros Eclesiais de Base (CEBs), definidos por ele como comunidades de fé e ajuda mútua fundamentais para a prática da resistência religiosa no período. Durante sua trajetória, colaborou também com entidades de proteção e amparo aos movimentos sociais e religiosos que se opunham à ditadura e à violência de Estado, como o Centro de Defesa dos Direitos Humanos de São Miguel e o Conselho Regional de Pastoral da Região Episcopal São Miguel. Em 1981, já desligado da ordem religiosa, permaneceu engajado com as demandas populares e se aproximou de experiências ligadas à comunicação popular. Nesse foco, trabalhou diretamente com a produção do jornal Grita Povo e com o Centro de Comunicação e Educação Popular de São Miguel Paulista (CEMI) – um centro de documentação responsável pela organização e preservação de publicações e polo aglutinador de iniciativas de comunicação e resistência na região. Nesse sentido, Carlos refletiu sobre a importância do advento desse tipo de comunicação para o desenvolvimento cultural das comunidades e para o processo de redemocratização. Por fim, relembrou as grandes lutas populares como o movimento pela Anistia, o Movimento Contra a Carestia, a fundação do Partido dos Trabalhadores (PT), e o Processo Constituinte, todos eles relacionados aos movimentos de bairro e amparados pelos setores progressistas da Igreja.
Entrevistadores
Luiza Giandalia | Julia Gumieri
Duração (minutos)
98
Operador de câmera
André Oliveira
Local da entrevista
Memorial da Resistência de São Paulo, São Paulo/SP
Como citar
STRABELI, Carlos. Entrevista sobre militância, resistência e repressão durante a ditadura civil-militar. Memorial da Resistência de São Paulo, entrevista concedida a Luiza Giandalia e Julia Gumieri em 30/08/2017.