Dados gerais
Título
Entrevista com Celso Frateschi
Código da entrevista
C116
Coleção
Entrevistados
Data da entrevista
13/09/2016
Resumo da entrevista
O entrevistado narrou fatos ligados a sua experiência de engajamento político manifestado intrinsecamente à arte. Segundo Celso, o fascínio pelo teatro crítico surgiu ainda muito cedo, quando em 1965, assistiu a peça “Arena Conta Zumbi”. Foi aluno do Colégio Alexandre Von Humboldt, onde participou de um grupo de teatro e presidiu o grêmio estudantil, militando através do Movimento Estudantil Secundarista. Já em 1967, aos 15 anos de idade, deu início a uma militância organizada através da Ala Vermelha (ALA) cumprindo ações de base. Neste mesmo período, iniciou um curso livre no Teatro de Arena ministrado por Heleny Guariba e Cecília Tomin Boal. Foi preso em 1969, ainda menor de idade, quando a ALA sofreu uma queda em massa. Foi capturado em sua casa por uma equipe da OBAN, de onde foi levado juntamente com seu irmão, Paulo Frateschi. De lá, foram levados para o 3º RC-Mec, onde foram mantidos em condições insólitas. Após cerca de duas semanas, foi encaminhado para o Deops/SP, onde foi fichado e liberado após três ou quatro dias. Após a soltura, retornou ao Arena, onde concentrou sua militância. Neste momento, Celso e outros jovens atores, retomaram a proposta do teatro-jornal desenvolvida em 1964 por Augusto Boal e passaram a se dedicar na difusão desta ação, que teatralizava noticias de jornal que denunciavam questões como tortura e violência do regime. Em 1972, o grupo que se intitulava Núcleo Independente, migrou para o Teatro São Pedro. Em 1973, em cartaz com a peça “A Queda da Bastilha”, Celso foi preso pela segunda vez pouco antes de subir ao palco. Levado com sua então esposa, a atriz Denise Del Vecchio, foram encaminhados para o DOI-Codi/SP sem acusação apontada. Ao sair da prisão, o grupo decidiu deixar o Teatro devido à forte intervenção da censura. De lá, seguiram para um galpão alugado na Av. São Miguel e deram início a um trabalho ligado aos bairros da Zona Leste, dando continuidade a proposta do Teatro-Jornal. Além da atuação teatral, Celso ainda relatou sobre a experiência enquanto gestor público na área da Cultura. Concluiu seu testemunho refletindo sobre o momento político atual no Brasil e as posturas adotadas pela esquerda diante de uma conjuntura que ameaça as conquistas democráticas do país.
Entrevistadores
Luiza Giandalia | Desirée Azevedo
Duração (minutos)
80
Operador de câmera
André Oliveira
Local da entrevista
Memorial da Resistência de São Paulo, São Paulo/SP
Como citar
FRATESCHI, Celso. Entrevista sobre o Teatro de Arena no contexto da ditadura civil-militar. Memorial da Resistência de São Paulo, entrevista concedida a Luiza Giandalia e Desirée Azevedo em 13/09/2016.