Entrevista coletiva com Elza Ferreira Lobo; Rosemeire Nogueira

Resumo da entrevista

A entrevista coletiva com as ex-companheiras de prisão, Elza Lobo e Rosemeire Nogueira, se pautou pela busca de informações descritivas do espaço carcerário do extinto Deops/SP. Elza compartilhou memórias relativas à estrutura física da cela onde esteve presa de novembro de 1969 a janeiro de 1970, período marcado pela prisão dos Freis Dominicanos no Deops/SP. Rememorou as condições precárias de sobrevivência impostas naquele espaço e tratou de questões ligadas ao cotidiano da carceragem. Enfatizou as correntes manifestações de solidariedade entre os companheiros e o apoio prestado pelas famílias. Relembrou a confraternização de natal de 1969 e a simbólica entrega dos cravos vermelhos trazidos por sua mãe que foram distribuídos por ela entre as celas. Por fim, tratou sobre a experiência no Presídio Tiradentes, destacando a criação de cooperativas entre mulheres para gestão dos alimentos e da limpeza, os grupos de estudo formados e a produção de artesanato que auxiliava a renda das famílias e denunciava a existência de prisões políticas no Brasil. Rose Nogueira retomou o momento de sua prisão executado pela equipe de busca e apreensão do Deops/SP, conhecido como Esquadrão da Morte em quatro de novembro de 1969, mesmo dia em que o líder revolucionário Carlos Marighella foi capturado e morto por agentes da repressão. Tratou sobre a violenta separação de seu filho recém-nascido e apontou para as ameaças, tortura e assédio sofridos no local e como isso repercutiu em sua vida a longo prazo. Expos ainda, detalhes da estrutura física da sala do delegado-chefe do Deops/SP, Sérgio Paranhos Fleury e de outros espaços percorridos para além da carceragem.