Dados gerais
Título
Entrevista com Jacqueline Chanel
Código da entrevista
C185
Entrevistados
Data da entrevista
08/08/2023
Resumo da entrevista
A entrevistada inicia a entrevista relatando suas lembranças escolares e as brincadeiras que os outros meninos faziam com ela, por ser afeminada. Conta que aos 13 anos foi entregue por sua mãe a um pastor evangélico para que ele terminasse de cria-la. Relata que se tratava de uma igreja fundamentalista, em que tudo era pecado, o que dificultou o seu processo de autoaceitação. Por outro lado, narra o acolhimento que ela encontrou no pastor, até ele ser assassinado. Relata a diferença de tratamento recebido em sua família por seu irmão e sua irmã, ambos homossexuais, em comparação a ela, que era uma mulher transexual. Aponta a sua dificuldade para relacionar-se e ter amizades, até a sua entrada no Movimento Homossexual de Belém, quando começou a trabalhar com educação de pares e prevenção nas casas noturnas de Belém. Conta sobre sua experiência em concursos de beleza para travestis e transexuais, quando ela pôde se reconhecer e se contemplar como mulher. Aponta que o seu envolvimento com a militância LGBT+ foi resultado da violência da época. Narra a importância do Projeto Rondon para o desenvolvimento de sua visão de mundo. Relata o processo de constituição e atuação do Movimento Homossexual de Belém, durante o avanço da epidemia de HIV/Aids, e as articulações desenvolvidas com a Secretaria de Saúde e o Movimento de Emaús. Relata alguns casos de violência que a motivaram por envolver-se na luta em defesa da comunidade transexual em Belém. Conta como tomou a decisão de mudar-se de Belém para São Paulo, em 1992. Ao chegar em São Paulo, passou em um concurso na Telesp, até ser dispensada por transfobia. Relata que escolheu vivenciar as ruas, onde presenciou casos de violência policial contra mulheres transexuais e travestis. Por ter um trabalho formal na estatal, Jacque aponta que era sempre liberada pelos policiais. Após a demissão na Telesp, tornou-se dona de um salão de beleza, que encerrou suas atividades durante a pandemia. Aponta que, nos últimos vinte anos, não passa por situações constrangedoras por ser uma mulher transexual, já que é lida como uma senhora. Conta como, após o fechamento do salão de beleza, iniciou a ONG Projeto Sefora’s e o trabalho realizado desde então com pessoas moradoras de rua, sobretudo mulheres transexuais e travestis. Relata o trabalho realizado em prol da inclusão social destas mulheres. Apresenta-se como uma militante religiosa e conta da importância da religião no trabalho social desenvolvido atualmente. Finaliza a entrevista contando o seu envolvimento na realização da Caminhada Trans de São Paulo, como este evento é realizado e a sua importância na luta em defesa dos direitos de pessoas transexuais.
Entrevistadores
Yuri Fraccaroli e Julia Gumieri
Duração (minutos)
125
Operador de câmera
Victor Baccilieri
Local da entrevista
Memorial da Resistência de São Paulo
Como citar
Chanel, Jacqueline. Entrevista sobre gênero, resistência e repressão durante a ditadura civil-militar. Memorial da Resistência de São Paulo. Entrevista concedida a Yuri Fraccaroli e Julia Gumieri , em 08/08/2023, por meio da parceria com o Acervo Bajubá.
Assuntos: Eventos
Assuntos: Lugares
Praça da Sé | Conjunto Arquitetônico de Nazaré | Praça da República (Belém) | MASP | Avenida Paulista
Assuntos: Organizações
Movimento Homossexual de Belém | Partido da Mobilização Nacional | Projeto Sefora’s