Dados gerais
Título
Entrevista com Ernesto Carlos Dias do Nascimento
Código da entrevista
C095
Entrevistados
Data da entrevista
19/09/2014
Resumo da entrevista
Ernesto iniciou seu testemunho ressaltando sua condição de ex-preso político, posto que em maio de 1970 foi preso por agentes da repressão com apenas dois anos de idade, em decorrência da militância de seus familiares. Ao longo de um mês detido, passou pelo DOI-Codi/SP, Presídio Tiradentes, DOI-Codi/RJ e foi fichado pelo Deops/SP como “elemento subversivo”, além de ter sido judicialmente banido do país. Nesse sentido, confrontou a ideia corrente de que as crianças não têm memória por não compreenderem formalmente determinadas situações. Embora a reconstrução da maioria das passagens abordadas por Ernesto tenham sido reelaboradas coletivamente por familiares e amigos que testemunharam a fase de prisão, Ernesto alegou diversos traumas e consequências manifestadas com o passar dos anos. Em seu relato, compartilhou ainda aspectos ligados à militância política de seu pai Manoel Dias do Nascimento, sua mãe Jovelina Tonello e sua avó Tercina Dias de Oliveira, todos militantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Segundo o entrevistado, a história de militância de sua família ligada à causa da luta operária e à resistência armada desenvolvida no Vale do Ribeira foi retratada na peça de teatro “Bumba-Meu-Queixada”, dirigida por Idibal Pivetta nos final dos anos 1970 em Havana. Como integrante do grupo de 44 presos políticos (40 adultos e quatro crianças) liberto em troca da liberdade do embaixador alemão sequestrado pelas organizações de luta armada, tratou de questões ligadas ao processo de libertação do grupo e seus desdobramentos. A respeito do exílio em Cuba, abordou memórias felizes ligadas ao acolhimento familiar, a hospitalidade e a identificação pessoal no âmbito cultural, político e civil. Em contrapartida, relembrou a difícil readaptação ao Brasil devido ao preconceito e discriminação sofridos em relação ao seu passado de luta familiar e pelo longo período de residência em Cuba.
Entrevistadores
Karina Alves | Paula Salles
Duração (minutos)
165
Operador de câmera
André Oliveira
Local da entrevista
Memorial da Resistência de São Paulo, São Paulo/SP
Como citar
Ernesto Carlos Dias do. Entrevista sobre militância, resistência e repressão durante a ditadura civil-militar. Memorial da Resistência de São Paulo, entrevista concedida a Karina Alves e Paula Salles em 19/09/2014.
Assuntos: Eventos
Troca de presos políticos pelo embaixador alemão Von Holleben