Dados gerais
Título
Entrevista com Heládio José de Campos Leme
Código da entrevista
C108
Entrevistados
Data da entrevista
17/02/2016
Resumo da entrevista
O entrevistado relatou fatos ligados à sua origem familiar e sobre o despertar de seu interesse político em uma fase onde as reformas políticas de base eram rejeitadas por grande parte da população de classe média de Amparo, sua cidade natal. Em 1966 mudou-se para São Paulo e, trabalhando como bancário em uma cooperativa tomou partido em defesa da luta dos trabalhadores e suas reinvindicações desenvolvendo a partir daí, uma progressiva militância. Nesta mesma época, estudando no Cursinho do Grêmio de Filosofia da USP, teceu importantes contatos com a esquerda e participou de uma intensa vida social e cultural que girava em torno das questões políticas. Quando em 1968 é decretado o Ato Institucional N. 5, Heládio ingressa na AP e é orientado a dirigir uma célula clandestina inserida na cooperativa. Ao ser acusado de agitação política e propaganda subversiva, acabou sendo demitido. Neste contexto, atentou para a existência de uma complexa capilaridade entre os setores civis que passaram a prestar apoio financeiro e profissional ao sistema repressivo, promovendo um clima persecutório de exaltação à delação e, que em última instância, fomentou a tortura como política de Estado. A respeito de sua prisão ocorrida em 27 de novembro de 1971, relatou o momento de sua captura pelo Esquadrão da Morte, que o conduziu para o Deops/SP onde permaneceu sequestrado por dois meses, submetido a interrogatórios pautados por tortura. Ainda sobre o Deops/SP, descreveu os ambientes por onde circulou, a dinâmica das ações comandadas e relatou a chegada de Luiz Hirata à cela após a sessão de tortura e que levou a sua morte no início de dezembro de 1971. Sobre a trajetória carcerária, tratou também sobre sua experiência no DOI-Codi/SP e no Presídio Tiradentes. Enalteceu o trabalho desempenhado pelos advogados da resistência, identificando-os como figuras de grande coragem e comprometimento com a defesa dos Direitos Humanos. Por fim, falou sobre a importância do testemunho enquanto tarefa política e com forma de atenuar os traumas.
Entrevistadores
Luiza Giandalia | Ana Paula Brito
Duração (minutos)
156
Operador de câmera
André Oliveira
Local da entrevista
Memorial da Resistência de São Paulo, São Paulo/SP
Como citar
LEME, Heládio José de Campos. Entrevista sobre militância, resistência e repressão durante a ditadura civil-militar. Memorial da Resistência de São Paulo, entrevista concedida a Luiza Giandalia e Desirée Azevedo em 17/02/2016