Entrevista com Ida Scharge
Título
Entrevista com Ida Scharge
Código da entrevista
C137
Entrevistados
Data da entrevista
19/01/2018
Resumo da entrevista
Em seu testemunho, Ida falou sobre a trajetória de militância desenvolvida inicialmente no Brasil e, mais tarde, na Europa, relatando também sobre o seu processo de prisão sofrido em 1969 em São Paulo por participação na luta contra a ditadura civil-militar. Em 1964, inserida no movimento estudantil da USP, Ida colaborou em um trabalho ligado à alfabetização de adultos e estabeleceu contato com a Organização Revolucionária Marxista Política Operária (Polop). Já em 1967, determinada a empenhar uma militância mais direta, foi instruída pela Ação Popular (AP) a se proletarizar em uma fábrica, passando a trabalhar como operária. Sensibilizada pela causa, uniu-se ao movimento operário após a Greve de Osasco, ocorrida em 1968. A respeito desta experiência, Ida relembrou a dura realidade de trabalho vivida pelos operários e as péssimas condições laborais nas fábricas. Por seu envolvimento com a luta operária foi presa por agentes da repressão, sendo encaminhada, primeiramente, ao Quartel de Quitaúna, localizado em Osasco. Em seguida, passou pelo Quartel General do II Exército e por fim pelo Deops/SP. Após a soltura, exilou-se na Europa, passando por Israel, Bélgica e Alemanha, onde fixou residência ao lado de seu então marido, Clemens Schrage. Ainda na década de 1970, aproximou-se do movimento feminista que na Europa começava a ganhar força apesar de uma cultura ainda bastante arraigada no machismo. Outra importante atuação desenvolvida diz respeito ao processo de formação da Frente Brasileira de Informações (FBI), movimento do qual fez parte ao lado de outros companheiros exilados. Em 1979 conquistou a anistia e pode então voltar ao Brasil, porém regressou à Alemanha pouco tempo depois. Por fim, refletiu sobre a importância da preservação desta memória política e manifestou sua preocupação com o futuro do Brasil, que vive hoje grande instabilidade política.
Entrevistadores
Luiza Giandalia | Julia Gumieri
Duração (minutos)
122
Operador de câmera
Jamerson Lima
Local da entrevista
Memorial da Resistência de São Paulo, São Paulo/SP
Como citar
SCHRAGE, Ida. Entrevista sobre militância, resistência e repressão durante a ditadura civil-militar. Memorial da Resistência de São Paulo, entrevista concedida a Luiza Giandalia e Julia Gumieri em 19/01/2018.