Dados gerais
Título
Entrevista com Ilda Martins da Silva
Código da entrevista
C066
Entrevistados
Data da entrevista
18/03/2014
Resumo da entrevista
A entrevistada relatou sobre seu vínculo com a esquerda, enquanto simpatizante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e como membro do Sindicato dos Químicos desde a década de 1950. Embora não tenha aderido a nenhuma organização ou partido de esquerda, prestou apoio contínuo à militância de seu marido, o guerrilheiro ALN e desaparecido político, Virgílio Gomes da Silva e a outros companheiros perseguidos pela ditadura civil-militar. Após o nascimento de seus filhos, Ilda dedicou-se ao trabalho doméstico e às crianças, enquanto Virgílio atuava na fábrica e exercia uma militância política cada vez mais intensa. Ao migrar do PCB para a ALN, Virgílio ingressou na luta armada tendo colaborado com o sequestro do embaixador americano o que intensificou à perseguição de Virgílio. Em decorrência dos fatos, Ilda foi sequestrada pela repressão em 30 de setembro de 1969, um dia após a captura de seu marido. Foi levada para o DOI-Codi/SP com três de seus filhos, onde permaneceram por oito dias. Separada dos filhos após esse período, seguiu para o Deops/SP e Presídio Tiradentes, enquanto as crianças permaneceram com o Juizado de Menores, sendo novamente entregues aos familiares apenas dois meses depois. Durante os nove meses em que esteve presa, Ilda foi mantida incomunicável, sem qualquer registro e durante os quatro primeiros meses de prisão ficou sem notícias do paradeiro de seu marido e de seus filhos. Contou que durante as sessões de tortura, era invariavelmente interrogada sobre as ações de Virgílio, mesmo depois de morto. Em 1972, já em liberdade, porém sendo constantemente vigiada, decidiu mudar-se para Cuba com seus filhos e lá refez sua vida, retornando ao Brasil em 1991. Somente em 1994, através da pesquisa independente realizada pelo escritor Mário Magalhães, para elaboração de sua obra “Marighella: O Guerrilheiro que incendiou o Mundo” foi localizado o primeiro e único documento sobre o paradeiro de Virgílio, que atesta uma morte presumida e um suposto enterro no Cemitério Vila Formosa, sem identificação. Encerrou a entrevista, declarando o sofrimento sentido ao evocar as memórias de dor como algo necessário para poder transmitir esta narrativa de luta coletiva.
Entrevistadores
Karina Alves | Paula Salles
Duração (minutos)
103
Operador de câmera
André Oliveira
Local da entrevista
Memorial da Resistência de São Paulo, São Paulo/SP
Como citar
SILVA, Ilda Martins da. Entrevista sobre militância, resistência e repressão durante a ditadura civil-militar. Memorial da Resistência de São Paulo, entrevista concedida a Karina Alves Teixeira e Paula Salles em 18/03/2014.