Dados gerais
Título
Entrevista com José Genoino Neto
Código da entrevista
C126
Entrevistados
Data da entrevista
15/05/2017
Resumo da entrevista
O entrevistado discorreu sobre sua longa trajetória de militância política iniciada em 1967 no Ceará quando era estudante de Filosofia e Direito na UFC. Nesta época, participou ativamente do Movimento Estudantil. Em 1968, já como militante do PCdoB, passou a atuar como presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal do Ceará. Com prisão preventiva decretada a partir de junho de 1968, participou do XXX Congresso da UNE em Ibiúna/SP. Nesta ocasião foi preso e levado para o Presídio Tiradentes, sendo, em seguida, transferido para o Deops/SP, onde fez o fichário de praxe que mais tarde seria utilizado pela repressão para sua identificação no Araguaia. Após uma semana detido no Deops/SP, voltou escoltado para Fortaleza/CE. Entrou definitivamente para a clandestinidade no início de 1969, quando retornou a São Paulo com a tarefa de reorganizar a UNE. Em 1970 segue para o sul do Pará como integrante da guerrilha rural organizada pelo PCdoB. A respeito desta experiência, Genoíno narrou sobre o cotidiano na selva, sua vida de lavrador em paralelo à rotina de treinamentos militares, a convivência com os companheiros e, por fim, sobre sua captura em 1972 por um grupo paramilitar. Identificado pelo fichamento realizado em sua primeira passagem no Deops/SP, foi condenado a cinco anos de prisão pela Auditoria da Justiça Militar, passando por diversos cárceres no país. A respeito de sua prisão no Deops/SP em meados de 1972, o entrevistado relembrou os sistemas de comunicação desenvolvidos entre os companheiros presos, as ações de resistência atrás das grades, a solidariedade enquanto mecanismo de sobrevivência e a experiência vivida na cela solitária, conhecida como “cela do fundão”. Após sua soltura, em 1977, passou um período dando aulas de História no extinto cursinho Equipe e, durante os anos de 1978 e 1979, dedicou-se à tarefa de informar às famílias de seus colegas do Araguaia sobre os assassinados ocorridos na região. Refletiu ainda sobre as marcas psicológicas e físicas da tortura e identificou a luta armada como a experiência mais dramática da história da esquerda brasileira. Por fim, falou sobre sua participação no processo de fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) e sobre a aposta da esquerda na democracia e em seu valor estratégico naquele período.
Entrevistadores
Luiza Giandalia | Camila Djurovic
Duração (minutos)
145
Operador de câmera
Jamerson Lima
Local da entrevista
Memorial da Resistência de São Paulo, São Paulo/SP
Como citar
NETO, José Genoíno. Entrevista sobre militância, resistência e repressão durante a ditadura civil-militar. Memorial da Resistência de São Paulo, entrevista concedida a Luiza Giandalia e Camila Djurovic em 15/05/2017.