Entrevista com Leane de Almeida

Resumo da entrevista

Leane abordou sua trajetória na militância política fundamentando sua narrativa na abordagem sociológica que guiou o pensamento e a ação do Partido Operário Comunista (POC), do qual fez parte no início dos anos 1970. Enfrentou seu primeiro processo de prisão em Porto Alegre em 1968, em decorrência de seu envolvimento com a luta política no setor bancário. Pouco depois, entrou para a clandestinidade e mudou-se para São Paulo, onde trabalhou informalmente e viveu abrigada na casa de simpatizantes do Partido que contava com uma vasta rede de apoiadores. Paralelamente a sua atividade prática no setor interno e administrativo, participou do programa de formação contínua em estudos políticos proposto pelo POC. Em julho de 1971, Leane, que representava a célula do Partido entre os operários do ABC, foi presa e levada para o DOI-Codi/SP, onde foi torturada. Em seguida, foi para o Deops/SP onde ficou presa por quase dois meses em condições precárias, sobretudo de alimentação. Ao chegar ao Presídio Tiradentes, notou a grande quantidade de companheiros presos e teve a dimensão de que o partido havia se esfacelado. Nesse contexto, rememorou a solidariedade da ação do grupo “Coletivo”, que administrava a renda obtida com a venda de artesanatos que eram produzidos pelos detentos a fim de custear advogados de defesa e ajudar as famílias de presos políticos mais necessitadas. Hoje, Leane prospera a chegada de uma primavera revolucionária no Brasil e avalia a participação visceral da geração 1960/70 na luta política como fonte de inspiração para a juventude atual.