Dados gerais
Título
Entrevista com Maria Amélia de Almeida Teles
Código da entrevista
C109
Entrevistados
Data da entrevista
05/04/2016
Resumo da entrevista
A entrevistada narrou sua experiência contínua de militância política, iniciada em 1960 e que permanece ativa ainda hoje. Segundo relatou, sua primeira prisão ocorreu em 1964, logo após a deflagração do golpe, quando militava no Partido Comunista Brasileiro (PCB). Juntamente com sua irmã, foi detida por dois dias no Quartel do Barro Preto em Belo Horizonte. Pouco antes do ocorrido, seu pai, que era filiado ao PCB e ao sindicato dos operários, também fora preso pela repressão, configurando assim, uma situação de perseguição política familiar, que se estendeu por décadas. Após a soltura, seguiu colaborando com o Partidão até 1968, quando decidiu aderir ao recém-criado Partido Comunista do Brasil (PCdoB), envolvendo-se com a luta armada. Passou então, a cumprir uma frente de trabalho ligada à educação política, além de atuar junto à imprensa clandestina do Partido – trabalho que desempenhou ao lado de seu marido César Teles, também militante. Tratou também sobre seus primeiros contatos com o feminismo e de que modo as questões de gênero se faziam presentes naquele contexto de luta política e como se inserem atualmente no debate político. Mais adiante, tratou sobre o segundo processo de prisão sofrido em 1972, na capital paulista. Capturada pela repressão, foi levada para as dependências do DOI-Codi/SP com seu marido e o companheiro de militância Carlos Nicolau Danielli, cujo o assassinato testemunhou, além de sofrer torturas e ameaças que envolviam outros membros da família. Após esta passagem, foi encaminhada para o Deops/SP onde conviveu com Edgar Aquino Duarte antes de seu desaparecimento. Seguiu então para o Presídio do Hipódromo e por fim a Casa do Egresso, somando aproximadamente 10 meses de confinamento. Além da trajetória prisional, Amelinha tratou de episódios marcantes em sua jornada de militância, como a participação na Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos e seu envolvimento no processo de abertura da vala clandestina de Perus, entre outros temas que envolvem a defesa pelo Direito a Memória e a Verdade, os Direitos Humanos e a condenação dos crimes de lesa-humanidade cometidos pela ditadura civil-militar.
Entrevistadores
Luiza Giandalia | Desirée Azevedo
Duração (minutos)
160
Operador de câmera
André Oliveira
Local da entrevista
Memorial da Resistência de São Paulo, São Paulo/SP
Como citar
TELES, Maria Amélia de Almeida. Entrevista sobre militância, resistência e repressão durante a ditadura civil-militar. Memorial da Resistência de São Paulo, entrevista concedida a Luiza Giandalia e Desirée Azevedo em 05/04/2016