Dados gerais
Título
Entrevista com Neusa Maria Pereira
Código da entrevista
C120
Entrevistados
Data da entrevista
13/10/2016
Resumo da entrevista
A entrevistada discorreu sobre sua experiência contínua de militância dentro do Movimento Negro, enquanto mulher e jornalista. Em seu testemunho, abordou algumas situações de racismo por ela vivenciadas na infância e na adolescência, que deram início à tomada de consciência que seria fundamental para seu engajamento na militância negra. Em sua trajetória profissional, Neusa passou por diversos jornais da grande imprensa, onde atuou como repórter ou revisora. Segundo analisou, sua condição de mulher e negra impediram-na de conquistar uma vaga na área de redação – ocupada, em sua grande maioria por pessoas brancas e quase sempre, homens. Nesse sentido, refletiu sobre a discriminação racial que ainda vigora no interior das profissões intelectualizadas e o desserviço prestado pela grande mídia que, historicamente, associa o negro ao domínio do trabalho braçal. A respeito de sua experiência no Jornal Versus, onde finalmente pôde fixar-se como redatora, falou sobre a satisfação pessoal e profissional sentidas mediante a oportunidade de escrever sobre a realidade do negro no Brasil – tema central do suplemento Afro Latino América, que era produzida por Neusa e outros jornalistas negros e que passou a compor o jornal. A partir desta experiência, Neusa, que já frequentava o baile Chic Show, os bares da Praça Ramos e outros redutos frequentados pela juventude negra paulistana dos anos 1970, engajou-se de forma mais direta à militância do Movimento Negro. Foi então, que ao lado outras mulheres negras, fundou o coletivo Fé Cega Faca Amolada, que se reunia semanalmente para discutir e articular formas de resistência, configurando-se como um dos primeiros coletivos de feminismo negro da cidade. Neusa também teve uma participação importante na fundação do Movimento Negro Unificado (MNU) e em sua luta pela desmistificação da democracia racial, que representou uma importante bandeira sustentada pela política da ditadura civil-militar e que atingiu, diretamente a comunidade negra brasileira.
Entrevistadores
Luiza Giandalia | Desirée Azevedo
Duração (minutos)
132
Operador de câmera
André Oliveira
Local da entrevista
Memorial da Resistência de São Paulo, São Paulo/SP
Como citar
PEREIRA, Neusa Maria. Entrevista sobre militância, resistência e repressão durante a ditadura civil-militar. Memorial da Resistência de São Paulo, entrevista concedida a Luiza Giandalia e Desirée Azevedo em 13/10/2016.