Dados gerais
Título
Entrevista com Reinaldo Morano Filho
Código da entrevista
C129
Entrevistados
Data da entrevista
19/07/2017
Resumo da entrevista
Em seu testemunho, Reinaldo falou sobre o contexto político do país no período que antecedeu ao golpe e sobre a mobilização de diversos setores da sociedade civil frente à radicalização da ditadura. A respeito de sua trajetória de militância, contou que no início da década de 1960 participou de discussões políticas promovidas pelos estudantes secundaristas organizados de Taquaritinga, sua cidade natal. Anos depois, já como estudante universitário de Medicina da USP, engajou-se no Movimento Estudantil (ME) enfrentando a ditadura. Neste contexto, sofreu sua primeira prisão política ao participar do Congresso da União Estadual dos Estudantes (UEE/SP) em São Bernardo do Campo no ano de 1966. Após o ocorrido, permaneceu ativo no Movimento até que em outubro de 1968 foi novamente preso pela repressão durante o 30º Congresso da UNE em Ibiúna. Logo após o decreto do Ato Institucional nº 5, em 1968, Reinaldo foi eleito presidente do Centro Acadêmico Oswaldo Cruz (CAOC) da Faculdade de Medicina da USP, organização que buscou resistir ao sufocamento e repressão do ME por parte dos militares. Reinaldo, embora já tivesse relações com a Ação Libertadora Nacional (ALN), exercia uma militância mais focada no ME e na direção do CAOC, porém, no final de 1969, após uma tentativa de captura policial, optou por engajar-se na militância clandestina e abandonar sua vida legal, tornando-se membro de um Grupo Tático Armado (GTA) da ALN. Na clandestinidade, esteve envolvido em ações de luta armada até agosto de 1970, quando foi preso pela terceira vez. Capturado pelo Esquadrão da Morte, foi levado para a Delegacia de Vila Rica, localizada na Zona Leste de São Paulo, onde o delegado Sérgio Fleury estava locado como titular logo após sofrer um breve afastamento do Deops/SP. Neste extenso processo de prisão, que perdurou mais de seis anos, Reinaldo viveu diversas passagens marcantes e compartilhou algumas delas em sua entrevista. Contou sobre o episódio em que testemunhou o assassinato de Bacuri no Deops/SP e o de Araribóia no DOI-Codi/SP; relembrou sua participação na greve de fome ocorrida em 1972 no Presídio Tiradentes e a intensa produção de textos de denúncias gerada pelos presos políticos na Casa de Detenção e no Barro Branco. Foi a partir destes textos que nasceu o Bagulhão (documento subscrito por 35 presos e dirigido ao Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil que descreve os principais métodos e instrumentos de tortura da ditadura e as condições carcerárias no país) e o livro, recentemente lançado, Repressão Militar-Policial vista por dentro: o livro chamado João.
Entrevistadores
Luiza Giandalia | Julia Gumieri
Duração (minutos)
92
Operador de câmera
Jamerson Silva
Local da entrevista
Memorial da Resistência de São Paulo, São Paulo/SP
Como citar
FILHO, Reinaldo Morano. Entrevista sobre militância, resistência e repressão durante a ditadura civil-militar. Memorial da Resistência de São Paulo, entrevista concedida a Luiza Giandalia e Julia Gumieri em 19/07/2017.