Entrevista com Salvador Pires

Resumo da entrevista

O entrevistado narrou sua origem familiar e descreveu sua infância vivida em uma fazenda no município de Vitória da Conquista, no interior da Bahia onde enfrentou ao lado de seus pais e irmãos, difíceis condições de sobrevivência. Após duas tentativas de migrar para a região sudeste do país em busca de melhores condições de vida, a família finalmente conseguiu fixar residência na capital paulista no início da década de 1960, trocando a vida no campo pelo trabalho operário nas fábricas. Como torneiro mecânico, Salvador logo se envolveu com a luta da classe trabalhadora, construindo uma trajetória de militância que transitou por diferentes organizações de esquerda comprometidas com a causa operária. Após militar junto a Ação Operária Católica (AOC) e a Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo (OSM-SP) durante toda a década de 1960, exerceu uma militância destacada junto à Frente Nacional do Trabalho (FNT), organização que objetivava apoiar os trabalhadores e sindicatos juridicamente em suas lutas e que possuía amplas ligações com setores progressistas da Igreja Católica. A respeito das ações de repressão articuladas contra os trabalhadores e, em especial aos integrantes do movimento operário, denunciou o financiamento prestado pelo empresariado brasileiro com apoio direto dos Estados Unidos da América. Salvador, como membro ativo do sindicato de oposição, participou de diversas ações de greve, até que em 1979 foi detido por agentes do Deops/SP durante a realização de um piquete em frente à Igreja Nossa Senhora da Graça, no bairro do Glicério. Segundo Salvador, os trabalhadores foram duramente perseguidos durante todo o período ditatorial e por isso, considera o direito a reparação uma importante conquista para o movimento sindical.